quinta-feira, março 28 2024
emperedeFoto: Luís França

Quem curte humor sabe o quão é difícil encontrar exemplos de bons comediantes em evidência, especialmente no atual cenário nacional. Por isso é um alento descobrir novos talentos nessa área, já que para cada Adnet ou Bruno Motta da vida temos uma enxurrada de humoristas que não fazem jus a este título. Exceção a essa regra é o grupo Em Pé na Rede, que já faz certo sucesso nos palcos do Brasil, mas que eu ainda não havia tido o prazer de conhecer (shame on me).

Originária do Pará, a companhia de humor traz Murilo Couto, Davi Mansour, Osmar Campbell, Rominho Braga e Victor Camejo. A peça é Eri Johnson (Pra Ver Se Lota), em cartaz todas as quintas no clube Comedians em São Paulo, que mistura esquetes com stand-up e uma dose de improviso. Na apresentação que fui Murilo Couto era o único integrante fixo não presente.

Há dois anos em cartaz, o grupo me surpreendeu inicialmente pela qualidade do texto acima da média e que jamais duvida da inteligência de seu público. Com esquetes ágeis e repletas de sacadas geniais (como a que abre a peça, das pessoas com TOC), Em Pé na Rede traz um espetáculo verdadeiramente hilário e envolvente graças principalmente à versatilidade e entrosamento perfeito de seu elenco.

empenaredeFoto: Luís França

Um dos destaques é Rominho Braga, talentosíssimo ator e improvisador que possui um timing cômico impecável, e que rouba boa parte da peça como um mágico atrapalhado que adora dar tiradas no público. Já Osmar Campbell esbanja versatilidade nas várias situações apresentadas, percorrendo diversos momentos com total domínio do palco e da plateia, especialmente quando precisa interagir fisicamente com os presentes.

Mas é na ousadia que o grupo se sobressai. Uma das esquetes, por exemplo, retrata um futuro distópico onde o cigarro tradicional é proibido e a maconha é liberada. Contando com poucos (ou quase nenhum) recurso cênico, os meninos conseguem criar, ao mesmo tempo, uma narrativa dinâmica e cheia de nuances, rara de se ver em uma produção de comedy club. Certo que eles às vezes abusam da falsa quebra de personagem, mas isso acaba resultando em um momento apoteótico, digno das estripulias que Andy Kauffman fazia em suas performances. É uma pena, apenas, que Em Pé na Rede não tenha a projeção nacional que mereça, pois se o que eles mostraram naquele restrito palco é uma amostra de seu potencial, deveriam ter um próprio programa de esquetes na TV.

Se tiver oportunidade, cheque a agenda deles e acompanhe de perto esses rapazes. É uma bela bora fora da curva.

1 comment

  1. tive privilégio de ver eles nos primórdios, aqui em Belém, e desde aquela época já se mostravam acima da média! muito bons!

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