sexta-feira, abril 19 2024

por Davi Garcia

Chega a ser curiosa a relação que estabeleci com Sons of Anarchy, uma das minhas séries favoritas atualmente ao lado de Breaking Bad, Fringe, Community…Vi o episódio Piloto assim que a série estreou lá fora em setembro de 2008 e de cara, além de gostar do elenco, achei a premissa excelente. Mas, por um desses mistérios inexplicáveis na vida de um fã de séries, acabei não acompanhando a produção com a fidelidade que ela merecia e pedia. Um vacilo que só desfiz depois de uma maratona empolgante em meados de 2010 e que me trouxe uma convicção: Sons of Anarchy (exibida no Brasil pelo FX) faz parte do seleto grupo de séries que todo mundo que gosta de boa tevê tem que assistir.

Hamlet sobre duas rodas, máfia sem italianos ou simplesmente uma história sobre um moto clube de foras da lei… Definições reducionistas não faltam para a série criada por Kurt Sutter (ex-produtor de The Shield) cuja 4ª temporada acaba de estrear nos EUA pelo FX, mas não se engane: quer seja no texto cru, nas atuações viscerais ou nas histórias densas que SoA explora, há muito mais do que qualquer impressão superficial possa indicar.

Sim, é verdade que Sons of Anarchy emula muito de uma das obras mais famosas de Shakespeare para contar a saga de Jax Teller (o eficiente Charlie Hunman), um jovem motoqueiro idealista dividido pelo conflito de sua paixão pelo clube e por seus membros e pelas dúvidas que cercam os rumos que o grupo tomou sob a liderança de seu padrasto, Clay Morrow (Ron Pearlman). Contudo, mais do que isso, a série trata sobre a tênue linha que divide o certo do errado estabelecendo um panorama bem turvo e complexo sobre as relações de poder, família e negócios que a trama explora.

Em Sons of Anarchy, os mocinhos e a lei muitas vezes viram vilões e estes, contraditoriamente, quase sempre se confundem nos dilemas dos membros do clube de foras da lei, em mocinhos improváveis. Traçando um paralelo, em muitos aspectos dá até para dizer que a série se pareça bastante com The Sopranos. Há todo um código moral em jogo sendo respeitado pelos membros do SoA tal qual ocorre na máfia, mas diferente dela, aqui as mulheres não representam apenas figuras periféricas e assumem posturas muito mais pró-ativas do que reativas, algo que fica evidente, por exemplo, com Gemma (a excelente Katey Sagal), esposa de Clay e mãe de Jax, e com a médica Tara (Maggie Siff), antiga paixão do protagonista.

As duas primeiras temporadas da série concentraram-se na construção do conflito que coloca em risco a própria existência dos SoA como grupo, quer seja através da crescente rixa entre Jax e Clay ou das disputas de poder com um clube rival (os Mayans) e com um grupo radical ligado a nacionalistas. Já o terceiro ano (que, registre-se, foi o mais irregular da série) dividiu-se entre a possibilidade de uma ruptura definitiva do clube (SAMCRO é o nome, digamos, oficial adotado) e o processo de reconstrução de uma relação mais fortalecida entre os membros que culminou num encerramento de temporada absolutamente tenso e de tirar o fôlego.

Em “Out”, episódio que abre a 4ª temporada da série, quatorze meses se passaram na história e vemos o clube retomando relações familiares, um pilar importante da série, ao passo em que  busca meios de se reinserir na nova realidade de Charming (cidade fictícia da Califórnia onde SAMCRO opera). Assim, ao mesmo tempo em que precisa rever uma aliança vital para os ‘negócios’, o clube se vê  pisando em ovos sob a mira de um novo xerife aparentemente implacável e da ameaça, ainda invisível pra eles, representada por um promotor disposto a expor todas as ligações criminosas do grupo com o objetivo de desmantelá-lo de vez. Nesse contexto, Jax, cada vez mais seguro de que a ideologia do clube se perdeu, surge ainda mais dividido entre a fidelidade ao grupo e a necessidade de romper com tudo em prol da segurança de sua família no que certamente constituirá o grande conflito dessa nova temporada que promete.

Bom, se você já assiste Sons of Anarchy, provavelmente deve tê-la como uma das suas favoritas. Agora, se ainda não vê, tá esperando o que para começar?!

10 comments

  1. Comecei a ver a série em 2009 e acompanho desde então. E sim, é uma das minhas preferidas. Todos esses conflitos que você citou, de cara, já nos mostram que não estamos assistindo a um programa qualquer.

  2. Se Davi mandou, então verei! Parei no 2o episódio da 1a temporada.

  3. Fiz a maratona assim que acabou a S03 , Desde então tornou-se minha série preferida … agora aguardo a premier para eu matar minhas saudades .. Indico demais #samcro

  4. depoimento de vida:
    eu não botava muita fé em SOA. tenho uma amiga que assistia freneticamente e mandava eu ver. até que um dia eu resolvi seguir seu conselho, e caralho, MUDOU MINHA VIDA, FOR REAL. comecei a ver faz pouco tempo, ou seja, já havia 3 temporadas lançadas. a cada final de episódio você tem a sensação de que sua cabeça vai explodir e fica tipo FUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUU (insira meme aqui, risos). a trama é ANIMAL, os atores são excelentes e os personagens te envolvem de uma maneira inexplicável. o mais incrível é ver que CADA TEMPORADA FICA MELHOR!

    finalmente um texto sobre SONS! e que venha a quarta temporada!
    :*

  5. Quem me indicou SOA foi o Alê Rocha e foi a melhor dica de todas que já recebi!!!
    Fiz uma maratona das 3 temporadas… e agora tô louca pq vou ter que ver a 4ª devagar… aff..
    Quem não assiste SOA …não faz ideía do que tá perdendo!

  6. SOA e aquela serie:
    Minha serie preferida que niguem conheçe -qq

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