terça-feira, abril 16 2024

Por Davi Garcia

Mesclando procedural com mistério e conspiração, Alcatraz, a mais nova série com assinatura de J.J. Abrams, não teve uma estreia espetacular, mas cumpriu, com mais acertos do que erros, o que prometia ao introduzir de maneira eficiente uma trama que carrega doses sutis de suspense, muita intriga e personagens que se não surgem de maneira marcante logo de cara, tampouco comprometem a condução da narrativa que, de fato, é bem envolvente.

Sob esse prisma, aliás, dá até para associar o ponta pé inicial de Alcatraz com aquele de Fringe que vimos 4 anos atrás, já que mesmo sem escapar de alguns clichês (cito-os logo abaixo), a primeira impressão deixada pela trama que gira em torno do reaparecimento, nos dias de hoje, de prisioneiros da famosa prisão é absolutamente positiva. E nisso, se o nível de excelência que Fringe alcançou (em termos de desenvolvimento de trama e personagens) servir como parâmetro, podemos dizer que o futuro de Alcatraz deve ser, no mínimo, promissor.

O episódio duplo (“Pilot” e “Ernest Cobb”) que abre a série revela o mistério central de forma objetiva – o ressurgimento no presente, de prisioneiro de Alcatraz que não envelheceram um dia sequer desde 1963 – e nos apresenta a Rebecca Madsen, Diego Soto e Emerson Hauser, o trio de personagens que acaba formando a equipe encarregada de investigar o evento e cujo principal elo de ligação se justifica pela relação direta ou indireta que cada um deles revela (ou descobre) ter com a prisão de Alcatraz.

A detetive Rebecca Madsen (Sarah Jones), por exemplo, foi criada por um ex-guarda do lugar (papel do veterano Robert Foster) e acaba descobrindo, já no fim do 1º episódio, ser neta de um ex-prisioneiro também foragido e que ela chega a perseguir. Diego Soto (Jorge Garcia, o Hurley de LOST), por sua vez, aparece como um autor especialista na história da prisão e de seus ex-habitantes ao passo em que o agente Emerson Hauser (Sam Neill dos filmes Jurassic Park), ele próprio um ex-guarda de Alcatraz, surge como um homem com motivações dúbias e que claramente, pelas ações, sabe muito mais sobre o mistério do que deixa transparecer para Madsen e Soto.

Buscando referência em LOST para construir uma narrativa que consiga fazer uma transição equilibrada entre o passado dos prisioneiros e o presente (concentrado nos esforços do trio citado para capturar os homens que ressurgem nas ruas de São Francisco cometendo assassinatos motivados tanto por razões pessoais quanto de natureza ainda não revelada), Alcatraz faz uma boa ambientação de sua trama, mas não escapa de se escorar em clichês batidos como o de diretores de prisão que não perdem a chance de humilhar e torturar condenados ou de detetives que, de forma milagrosa e quase mediúnica, desvendam as circunstâncias de um determinado crime (vide o que Rebecca faz na sequência do parque do segundo episódio).

Ressalva à parte, ainda que a série não chegue chutando todas as portas, quando o segundo episódio de Alcatraz termina, o sentimento de que não sabemos de nada é premente de uma forma positiva visto que o suspense fica no ar alimentando nossa curiosidade e estabelecendo pontos importantes tais como: (1) o mistério de como e por que aquele grupo de pessoas desapareceu em 63 e reapareceu agora; (2) a dúvida sobre as reais motivações de Emerson Hauser em torno de tudo aquilo (o cara é mocinho ou vilão?) e (3) a certeza de que promete ser bem divertido ver Jorge Garcia atuando não só como um parceiro improvável para Rebecca, mas também como um pontual alívio cômico (como na cena em que ele compara as instalações construídas no subterrâneo da prisão a uma bat caverna).

Ainda é cedo para dizer se Alcatraz será uma das grandes séries novas do ano, mas se a primeira impressão é a que fica, é inegável que as chances são boas. E vocês, o que acharam da estreia da série?

Alcatraz estreou na TV americana no dia 16/01 com audiência média de 9,9 milhões e chega ao Brasil, pelo Warner Channel, em pré-estreia no domingo, 22, às 22h e depois passa a ser exibida nas noites de 2ª feira.

23 comments

  1. Achei bem decente também. Aquele clima de suspense e conspiração que me prendeu muito ao episódio, mesmo normalmente eu não apreciando séries do tipo “caso da semana”.

    Só que as séries do J.J. estão ficando muito parecidas: a fotografia, as tomadas das cenas, a trilha sonora… Tá tudo meio como uma receita de bolo.

    Que bom que a receita é boa, mas gostaria de ser surpreendido no decorrer da história.

    No geral, concordo com o Davi, tem tudo pra ser destaque desse ano que se inicia.

  2. Concordo com o Vinicius, tá bem receita de bolo, mas é um bolo floresta negra trufado deliciosamente preparado. Ainda bem que não é pela Ana Maria Braga!

    Curti a estréia, não assisti o segundo episódio ainda, mas de cara percebemos que tem potencial, só não devem perder as contas e começar a jogar prisioneiro na gente sem explicar os outros, porque não somos HD e somos impacientes!

    Quero ver o Garcia saltando que nem a detetive!

  3. Engraçado, minhas impressões foram completamente opostas, não consegui chegar nem ao final do 2º episódio. Na verdade, estou em dúvida: não sei se o problema que tive foi com a premissa da série em si ou com sua execução, sem contar as atuações pavorosas de todos os atores, que parecem não levar seus papéis muito a sério. Não há palavras para descrever a falta de carisma da atriz protagonista, mas a personagem também não ajuda. Já Jorge Garcia realmente traz um certo alívio cômico, mas, afora o “Is anyone else’s head exploding right now?”, nenhuma outra piada me empolgou muito. Tentarei terminar “Ernest Cobb” ainda hoje e verificar se pelo menos o cliffhanger consegue me deixar curioso pelo próximo.

  4. Concordo totalmente, J.J. é legal, as séries empolgam, mas a gente sempre vê os mesmos elementos, então ele fica enjoado da série, briga com alguém da produção, deixa de trabalhar direito e então sai, largando a série/fãs na mão.

  5. Daví estou em dúvida.. você é pago para falar bem do J.J. ?

    O final de LOST foi surpreendente ruim..
    Fringe está caindo muito. Cada episódio é pior que o anterior, está quase no nível supernatural. Aquele ator que faz o Peter só tem uma expressão —> (:|). Vive com aquela poker face a para todas as situações. Intragável aquele ator.

    E alcatraz..bem.. eu rí ao final do primeiro episódio. Que série ruim! Rí também naquele “Welcome to alcatraz” com aquele olhar 43 do agente lá. Não vi nada de bom até agora na série! MUITO clichê !!

  6. Sem querer bancar o advogado, mas quando foi que o J.J. abandonou as séries que ajudou a criar e brigou com alguém ligado a elas? Desde de 2004 o cara acumula as funções de roteirista, produtor e diretor de tv e cinema (a Bad Robot é uma das maiores produtoras atualmente, diga-se). Usa a abertura que tem na indústria para alavancar ideias que desenvolve com outras pessoas e depois deixa nas mão delas a tarefa de tocar o desenvolvimento dos projetos. Portanto, assim como ele não pode levar sozinho os louros pela qualidade que as séries que cria eventualmente atinjam, também não pode ser criticado pelas que derrapam ou fracassam porque ele não faz nada sozinho. A distinção disso é essencial. A assinatura dele é um chamariz para o primeiro interesse em qualquer coisa (principalmente na TV), mas para uma análise mais profunda é só isso. ;)

  7. Damn!!! Você adivinhou meu segredo, Ricardo. Realmente sou muito bem pago para só elogiar o J.J. ¬¬

  8. Se eu já considero Fringe derivativa, imagina Alcatraz (risos)…

    E essa coisa de “Série do JJ” é meio esquisita, uma vez que, até que me provem o contrário, ele só foi showrunner por mais de uma temporada em Felicity. E série é do showrunner e não necessariamente do seu criador/desenvolvedor.

  9. Ahhhh tenho que falar, nunca consegui acompanhar Lost…. no começo não tive einteresse e nem depois… via um ou outro episodio que passava na TV.. então é bem complicado comparar…

    Mas em relação a outras séries que vi, bom.. realmente, receita de bolo… sempre tem uma realidade alternativa… de todas as maneiras possiveis… mas de qualquer maneira, Alcatraz é intrigante… e eu realmente quero saber quem fez, como fez e pq fez…. pela quantidade de pessoas desaparecidas, pode render mtas temporadas… mas espero de verdade que não vire aquela enrolação de lost e nem fique enxendo linguiça q nem em Fringe.

  10. Eu gostei de Alcatraz, ainda mais depois que estive na ilha/prisão recentemente. :) Fiquei curiosa para ver mais.

    Fiquei feliz que não só o Dude voltou, e também uma das escotilhas no meio da floresta também ganhou um comeback.

  11. Alcatraz foi bom , mas não tão bom mas tambem não tão ruim , basico de serie , mas acho melhor até agora o piloto de Person of Interest do que Alcatraz , não acho que essa serie tem futuro igual a Lost e nem chegue ao brilhantismo de FRINGE , mas assistirei por enquanto.

  12. A estréia não foi nada demais. Como li num artigo do TV.Com, a série está mais para Flashforward do que para Lost (e mesmo Lost não é lá essas coisas – da quarta temporada em diante o JJ saiu para comprar cigarros e não voltou mais né?).

    E ele se repete muito mesmo conforme já disseram. Fotografia, trilha sonora, enredo e complôs são bem parecidos em suas séries.

    E, na boa, é tudo muito apressado. No mesmo dia que foi investigar o assassinato do ex-vice diretor de Alcatraz ela já vira amiga do Hurley e ambos são convocados pelo responsável da missão ultra hiper mega secreta. Meio rápido né?

    Vamos ver no que vai dar…

  13. Eu não sei se você reparou Davi, mas a primeira cena de perseguição de Alcatraz é no mesmo galpão abandonado que o Agente Lee e o seu parceiro estavam perseguindo o metamorfo no inicio da 4 temporada de Fringe, achei estranho que foi quase as mesmas direções de câmeras, será apenas um Easter Eggs de Fringe ou fizeram sem perceber? É gravada em Vancouver tambem a série?

  14. Curioso observar algumas pessoas sendo levadas por um erro da legenda em pt-br.
    Estão achando que há apenas 63 criminosos sumidos/retornando.
    Em inglês:
    “Meet the ’63s.
    256 prisoners on the right.
    46 guards on the left.”
    e depois
    “So we have to find
    these ’63s.”

    Ou seja, estão falando do pessoal de 1963 e não de 63 prisioneiros!
    Sumiram 256 prisioneiros E 46 guardas.
    Estou curioso pra ver se e como retornarão os guardas.

  15. Eu gostei desse começo de série.. Tem realmente uma mistura de Fringe e Lost, duas séries que adoro!!!

    Falando especificamente dos episódios, uma coisa que não foi comentada foram os casacos que, tanto Sylvane quanto Cobb estavam vestindo quando reapareceram…
    No caso de Sylvane, mostrou bem o casaco, contendo o que ele precisava em seu bolso. O Cartão para a saída da ilha, dinheiro e a chave do armário que continha a arma.
    No caso de Cobb, continha igualmente dinheiro e a chave do quarto do hotel, onde estavam os 3 e a Lucy foi atingida.
    Isso comprova que eles não reapareceram do nada e que, na minha opinião, a localização do reaparecimento de cada um também é conhecida pelo responsável disso tudo.

  16. Lendo o que as pessoas estão achando da série, também me deparei com essa interpretação equivocada de algumas pessoas, Daniel. Os próximos episódios, acredito eu, devem deixar isso mais claro e dirimir essa pequena confusão.

  17. Com td respeito a quem gostou, eu não curti mto não. Ainda mais se houverem distorções no tempo/espaço/universo… senti um #fringefeelings do começo ao fim dos episódios. E Fringe, só precisamos de uma. :)

  18. Assisti ontem, pela Warner. Toma que a série não fique apenas criando mistérios, mas tam os revele.
    Agora que legenda mais assíncrona a da Warner. o Grupo do Legendas trabalha muito melhor que estes profissionais…

  19. J.J. Abrahams está sendo o que M. Might Shyamalan representou para o cinema; qualquer coisa que ela faça é aguardada com ansiedade e já se criam teorias. Só espero que o J.J não tenha o mesmo fim que o diretor indiano.
    E eu assisti o segundo episódio antes do primeiro… por erro de download….rsrss… e como orfão de Lost, qualquer série que tenha qualquer ator de Lost é um bom motivo pra ver. Simples assim :)

  20. Eu adorei a série. Não assisti Lost, gosto de Fringe mas nem acompanho.
    Gostei muito do 1º episódio; o 2º achei que teve um meio um pouco arrastado, mas o final… Nossa, valeu muito a pena. Já estou curiosíssima pelo 3º!

  21. Com os dois primeiros episódios assistidos, desapegue-se de LOST antes de ver a série, muita gente se frustrou quando foi ver FRINGE achando que era uma nova LOST, jamais teremos. ALCATRAZ faz boas apropriações de elementos LOST sim, no visual no marketing, do “dude” Hurley, tem umas coisinhas de FRINGE e até ALIAS, séries de J.J., tudo está nas mãos dos roteiristas e diretores.

    O seu início foi “ok”, nada mais que isso, um primeiro episódio pra introduzir a trama desses 13 episódios iniciais já encomendados, um escorregão aqui e ali, porém não me apeguei a um personagem dentre os protagonistas, a personagem da Rebecca Madsen me lembrou o início da Anna Torv em FRINGE, apagada e sem sal, mas as coisas melhoraram com o tempo, espero que em ALCATRAZ tambem. O 2º episódio teve um bom desenvolvimento mas um final previsível, as cenas de passado intercaladas foram um ótimo recurso, no mais serviu pra reunir mais pistas do que poderá vir. Não tem como não lembrar de mais um elemento LOST com a cena da Lucy no fim.

    Espero que a série não perca o gás pois se não der retorno a emissora os americanos não pensam muito em quem assiste e gosta, ele cancelam de vez, existe um potencial na série a ser explorado e que seja bem explorado e não dêem voltas e voltas como em FRINGE.

  22. Mais comparar lost so pelo ultimo episodio e f#da neh? LOST foi sensasional dialogo do Jacob e o Monstro foi uma das coisas mais f#das que vi na minha vida. E nao olho pro J.J so pelas series ele dirigiu Star Trek com o maior carinho, Super 8 enfim, acho que ele da mais certo no cinema nao sei…

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