sexta-feira, abril 26 2024

Com as gravações da 1ª parte da 5ª e última temporada de Breaking Bad encerradas, Bryan Cranston bateu um papo com o A.V. Club no qual falou sobre a jornada de seu marcante personagem e deu algumas boas dicas do que deveremos ver nesse arco final da série que, como você já sabe, terá 8 episódios exibidos este ano e mais 8 apenas em 2013. A íntegra da entrevista (em inglês), que inclui Cranston falando sobre seu interesse em voltar a dirigir mais um episódio de Modern Family e outras coisas, você pode conferir aqui, mas na sequência deste post destaquei os pontos da conversa em que o ator fala especificamente sobre Breaking Bad. Imperdível!

Num dos promos para essa nova temporada, Aaron Paul diz que ela é a mais insana até aqui. Você tem essa mesma percepção?

Ela pode ser a mais insana sim. Vai causar uma certa estranheza, porque justo quando se começa a pensar que a trama não tem como ficar mais complicada ela fica. A temporada terá muitos desses momentos porque se por um lado a história tende a se afunilar, por outro a produção pisa no acelerador. Eles estão realmente preparando algo grande para esses 16 episódios – oito e depois mais oito – e é algo bem crítico. O que é interessante é que levou – vejamos, quando foi que Gus Fring apareceu? Não foi na parte fina da 2ª temporada? A história dele foi encerrada apenas no final da quarta. Agora, com aquela trama encerrada, temos 16 episódios, não duas temporadas e meia, para basicamente crier um novo arco e encerrar tudo. Portanto isso acabou gerando um dilema interessante para os roteiristas. Ou o Walter dizia, “Venci, chega, estou fora disso. Acabou!”, fim da série,  ou ele voltaria a cozinhar um pouco mais. E é isso que acontece, é claro. Ele diz que ainda não acabou. Com isso, o que acontece na 5ª temporada é que Walter White, em vez de dizer, “Bem, essa foi por pouco! Adeus!” ele passa a se sentir o todo poderoso. Ele acabou de derrotar aquele que era O cara. Ele derrubou a pessoa mais esperta da área. E esse era o empurrão de adrenalina que o motiva a mergulhar ainda mais fundo.

Como você se preparou para fazer Walt quando voltou para a 5ª temporada? Ele tem um histórico de ser arrogante, mas agora que ele é o grande homem do campus, há uma infinidade de coisas que podem dar errado para ele.

Bem, não é por acaso que a série se chama Breaking Bad e não Breaking Good, portanto as coisas realmente podem ficar ruins. [Risos] Isso faz parte do pacote. Queremos explorar não apenas o perigo físico ao qual esse homem pode estar exposto em função de suas decisões, mas também o emocional. O que acontece com um ser humano, [mostrar] a deterioração de uma alma. E é isso que aconteceu. Ele se diminuiu eticamente e ao fazer isso, ele criou um pequeno câncer para sua alma que começou a deteriorar tudo levando-o a se tornar arrogante e consumido pela avareza, pelo ciume, pelo orgulho e por todas essas coisas que se tornaram a guia mestre de sua vida. E é fascinante interpretar isso, porque você pode perfeitamente olhar praquilo e dizer, “Eu acredito que isso poderia efetivamente acontecer com alguém, que alguém poderia mudar drasticamente se vivenciasse as mesmas circunstâncias.”

Como você equilibra essa vilania do Heisenberg com a tendência do Walt a ser impotente dentro de sua própria família?

Bom, é mais ou menos como aquele cara durão que manda num poço de perfuração de petróleo e comanda todo mundo e então chega em casa e começa a gritar com a mulher que diz, “Cale a boca e leve o lixo para fora.” [Risos] E ele não sabe como controlar isso. Ele é um cara no trabalho, mas não manda nada em casa. Há situações assim que todos nós já vivenciamos onde o homem pensa, “Espera um pouco, por que eu não posso controlar isso?” E isso acontece porque não dá para controlar tudo. Tem coisas sobre as quais você não tem autoridade, ainda que você tente controlá-las.

Você já disse que gosta de ser surpreendido pela história. Até que ponto da 4ª temporada você teve acesso para saber de antemão quão longe iria essa perda de valores do Walt?

Foi tudo episódio a episódio. Por exemplo, eu só fui ler o roteiro do último episódio que gravamos agora quando faltavam cinco dias para começar as filmagens. Primeiro porque foi quando eu quis ler e depois porque foi quando ele ficou pronto. [Risos] Há algumas surpresas vindo aí. O que é ótimo, contudo, é que o episódio de abertura dessa temporada… Bom, ele é um belo aperitivo no que tange a novas informações, mas também é frustrante, porque você vai dizer, “O que está acontecendo?” É um ótimo começo, porque você mal vai acreditar no que estará vendo. Será algo como, “Espere um pouco, não estou acostumado com isso. A série não era assim!” É muita informação nova e você não sabe o que pensar disso.

Walt está continuamente com menos controle sobre as coisas do que ele acredita estar. Você tem algum modelo de um filme, uma peça ou mesmo da literatura na qual você se inspira quando interpreta esses momentos?

Não, mas fisicamente, no início, eu pensava no meu pai, porque sempre pensei que Walter era um cara mais velho do que aparentava ser. Agora, contudo, ele mudou. Por conta do que ele conseguiu fazer com Gus Fring, a postura dele mudou e ele sempre surge mais ereto, bem como Gus aparecia com aquele tipo de presença. Então penso muito nisso, sobre quão orgulhoso de si mesmo ele está, para onde ele vai e sobre as coisas que ele fez para se manter de pé. No que tange ao aspecto emocional, não. Eu acompanho esse cara ao longo de todo o caminho e há uma certa escala que tem que ser observada para acompanhar essa transição do homem pacato que se transforma em Scarface. E algumas vezes – por exemplo, há cerca de um ou dois anos atrás, eu pensava que ele já estava muito à frente nessa escala e o Vince (Gilligan, criador da série) dizia, “Não, ele ainda não está.” E então tivemos que estabelecer exatamente onde ele estava nessa escala e agora que sabemos que o fim está próximo, o momento do Walt é apropriado. Contudo, ainda acho que é um exagero dizer que ele já atingiu o nível Scarface. Não chegaremos a esse ponto, no sentido de que ele não está completamente fora de si. Ele ainda será Walter White, ainda que um novo Walter White. Talvez um Walter White com um toque mais Heinsenberg. [Risos]

E quando você volta para começar a gravar os 8 episódios restantes?

Voltaremos em meados de novembro e eu vou dirigir o episódio que abre a 2ª metade. E então vamos gravar até meados de março mais ou menos e aí fim. Vamos juntar nossas coisas e ir para casa.

Isso te deixa nervoso?

Não, não. Nesse momento, saber que encerramos a 1ª parte me deixa feliz. Nós conseguimos e foi uma sequência bem agressiva. Eu pensei que por serem apenas oito episódios seria mais fácil e não foi. Fomos fisicamente exigidos demais durante muitas horas e… Eles nos exploraram. Bem, na verdade eu fui o mais explorado. [Risos] Mas foi tudo muito bom. Adorei a experiência e fico feliz que tenha sido assim. E como sabemos que teremos que voltar, não nenhuma melancolia. Fizemos nossa festa de encerramento e nos divertimos e ninguém chorou nem nada porque sabemos que voltaremos para terminar tudo.

 

2 comments

  1. Chega logo, domingo! Ansiedade a mil para o retorno de Breaking Bad.

Deixe um comentário