quinta-feira, abril 18 2024

Série mostra as origens da formação do psicopata Norman Bates

Bates Motel PostNo final do episódio de estreia de Bates Motel, os criadores da série deixam claro que a obra se baseia nos personagens do romance Psycho (Psicose) de Robert Bloch e no filme de mesmo nome dirigido por Alfred Hitchcock. Sendo assim, fica estabelecido logo de cara um compromisso de respeito ao material de origem e uma tendência de que o final da história que a série produzida por Carlton Cuse (LOST) e Kerry Ehrin (Friday Night Lights) pretende contar, seja igual ou no mínimo parecido com aquele retratado tanto no livro quanto no sempre inesquecível filme de suspense de 1960. Ou seja, quando vemos o Norman Bates adulto trocar a fala mansa e educada do gerente de hotel à beira da estrada para abraçar toda a psicopatia projetada pela obsessão fomentada por sua mãe ao longo dos anos.

Nesse contexto, o  grande atrativo de Bates Motel, julgando pelo episódio piloto, reside na forma que a série encontra para casar a contemporaneidade da trama (os Bates usam iPhones!) com elementos carregados de um ar meio retrô que instantaneamente nos remetem àquele período do filme do Hitchcock. Reparem, por exemplo, a predileção do adolescente Norman por filmes antigos (ele assiste um na abertura da série) e citações a livros clássicos (algo que ele faz já numa das últimas cenas do episódio) ou ainda o carro antigo da família e os figurinos dos Bates que, por sua vez, criam uma ponte com o passado que ajuda a criar a atmosfera de estranheza ou pelo menos de algo incomum que ajuda a reforçar as bases da curiosa relação entre mãe e filho que culminarão nos eventos vistos em Psicose.

Sobre Norma, a mãe, aliás, vale destacar a ótima primeira impressão deixada pela interpretação de Vera Farmiga (Amor sem Escalas) compondo uma mulher que mescla traços de frieza extrema (note sua reação logo no início quando o filho avisa sobre o “acidente” do pai) e fragilidade (quando é atacada por um intruso em dado momento), mas que ao mesmo tempo não hesita em se impor como uma figura extremamente manipuladora e sobretudo controladora no que tange ao filho Norman. Ele, por sua vez, também bem construído por Freddie Highmore (o outrora garotinho do remake da Fantástica Fábrica de Chocolates), surge dividido pelas descobertas, incertezas e inseguranças comuns da adolescência e pela influência impositiva da mãe que lança sobre ele demonstrações tão díspares quanto carinho extremo e um sentimento de culpa externado em pelo menos dois momentos do episódio.

Se a série vai se firmar como um acerto total eu não sei, mas na esperança de que se ela consiga manter o tom do piloto ao longo dos próximos 9 episódios desenvolvendo uma história de fundo (como parece ficar indicado na cena final) que crie um conflito e exponha outros lados da natureza sombria da relação de mãe e filho, me arrisco a dizer que Bates Motel tem boas chances de se tornar um ótimo adendo à Psicose.

5star

Bate Motel estreou no dia 18 de março nos EUA pelo canal A&E e estreia no Brasil, pelo Universal Channel, às 22h no dia 4 de julho.

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