quarta-feira, abril 24 2024

Drama criado por Matthew Weiner retorna para a sexta temporadapor Flavio Augusto

madmen601[com spoilers dos eps. 6×01-02] Portas, escadas, pontes ou mortes: escolha a sua passagem. Esse foi o simbolismo utilizado por Matthew Weiner para apontar as transformações dos publicitários da Sterling Cooper Draper Pryce neste início do sexto ano de Mad Men, e a essa altura do campeonato, os fãs da série já sabem que este recurso faz parte da estrutura intrínseca da sua narrativa. The Doorway estabelece foco principal da temporada apresentando quatro pontos de mudança, a partir dos seus principais personagens (com a exceção de Pete Campbell): Betty, Roger, Peggy e Don.

Entrando numa casa abandonada, Betty acaba reconhecendo um novo “eu”. Suas modificações físicas provêm de um casamento falido que fez com que desistisse de todos os seus sonhos, tornando-se infeliz, e consequentemente, obesa. Com a morte da sua mãe, Roger percebe que as pessoas estão deixando-o. Sem esposa ou família, ele teme ser esquecido por todos antes do seu fim. E de acordo com o próprio “as pessoas são apenas capazes de mudar quando morrem”, uma tese bastante aplicável ao episódio. Além das portas da SCDP, Peggy assume uma nova identidade: a de Don Draper. Estabelecendo-se pelo trabalho que exerce.

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Porém, a única pessoa que não consegue assumir a identidade de Don, é quem mais precisa: ele mesmo. Os fantasmas de Dick Whitman continuam assombrando-o à medida que seu casamento com Megan afunda e este volta às suas raízes adúlteras. Don ainda se mantem absorto na ideia de Dick. A prova disso surge quando um fotógrafo pede para que ele faça a simples tarefa de agir com naturalidade diante a câmera. Seu passado pode ter “morrido” na Coreia, mas ainda faz parte dele.

Mad Men não trabalha com tramas, e sim com desenvolvimento de personagens, No quadro geral, a série conta a história de um homem que sonha em apagar um doloroso passado, vivendo uma identidade que não lhe pertence. Mais uma vez Matthew Weiner nos presenteia com uma première sólida e fascinante. E apesar de estarmos cada vez mais nos aproximando do final, a produção continua com o seu impecável trabalho, muito longe de apresentar sinais de cansaço. Capturando a essência de Michelangelo Antonioni – e até mesmo Fellini – com as suas nuances, roteiros e detalhes, Mad Men voltou mantendo o posto de melhor série no ar.

5star

Flavio Augusto é autor convidado do Ligado em Série. Siga-o no Twitter.

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