Se beber, não dirija, mas se o fizer… Better call Saul!
[com spoilers do ep. 5×13] Perdoem-me pelo excesso de sinceridade e pelo espírito fanboy que me consome no momento em que escrevo essas poucas linhas tortas sobre o novo Breaking Bad, mas putaquepariuqueepisódiodocaralhofoiesse?! Não sei concordam comigo nessa, mas dado o alto nível de tensão, surpresa e choque apresentado pela sequência final desse excepcional “To’hajiilee”, fato é que ele poderia muito bem servir como desfecho para a série caso ainda não tivéssemos mais três episódios pela frente, algumas pontas soltas a serem amarradas nessa história bem como um certo flashforward à vista.
Escrito por George Mastras e dirigido pela sempre brilhante Michelle Maclaren (e sua aparente infinita capacidade de captar reações emocionais e compor planos belíssimos como o da imagem acima), o capítulo da semana ofereceu um saboroso banquete repleto de reviravoltas e mind games irresistíveis para uma história que mesmo perto de seu inevitável fim ainda mostra ter gás para introduzir uma miríade de possibilidades instigantes e empolgantes.
Nessa perspectiva, vimos um demônio fazendo pacto com o diabo (Walt ao aceitar a pedida do tio trafinazi de Todd para se livrar de seu “problema” e consequentemente arrumando outro ainda maior); um aprendiz que conseguiu enganar o mestre (da manipulação) e, finalmente, um inesperado embate no meio do deserto que, construído com requintes de maldade e crueldade extrema pela dupla Mastras/Maclaren, terminou antes do fim. Pelo menos até semana que vém.
Pois bem, mas enquanto esperamos pela inevitável revelação do desfecho daquela sequência (o telefonema de Hank para Marie – aliado ao reflexo dos figurinos recentes dos dois (ele de roxo/morte, ela de preto/luto) – certamente deve servir como indicativo de seu destino ali, certo?), vale destacar alguns pontos que considero relevantes e merecedores de uma reflexão maior dentro deste belíssimo episódio.
(1) Ainda me choca o fato de Walter Jr. permanecer totalmente alheio ao mundo sombrio que o cerca, algo que a indiretamente divertida cena em que ele interage com Saul no lava jato ajuda a reforçar. E nisso a pergunta: que papel o garoto ainda terá na trajetória decadente de seu pai?
(2) O que já não me surpreende a essa altura é a capacidade infinita de Walter em usar todo e qualquer instrumento para atingir seus objetivos. Nesse episódio especificamente, reaproximar-se de Andrea e do garoto Brock para tentar atrair Jesse.
(3) Excepcional a forma que Hank encontrou para enganar Walter e fazê-lo não apenas leva-lo à maior evidência de seus crimes (o dinheiro escondido no deserto, claro) bem como garantir a outras confissões desesperadas do cunhado motivadas pelo joguete desenhado por Jesse.
(4) Ao mesmo tempo em que impressiona a sorte que Walter tem e que faz com que as coisas sempre acabem virando a seu favor como o próprio Jesse já alertara ao Hank no episódio anterior, é curioso notar que depois de contemplar e até aceitar a derrota no deserto; encarar a “traição” e o desprezo de Jesse (que chega a cuspir em sua cara) e imaginar que tudo que fizera foi em vão, as coisas devem mudar radicalmente para ele visto que o preço a ser pago pelo resgate tende a ser caro demais para alguém que pretendia abraçar uma vida nova sustentada por mentiras e segredos sujos e sombrios demais para permanecerem intocáveis.