quarta-feira, março 27 2024

Clichês de sexta à noite

dracula

Com pelo menos cinco anos de atraso, a NBC decidiu embarcar na moda vampiresca adaptando a história do Conde Drácula para a TV. Para tanto, escalou o galã Jonathan Rhys Meyers para viver o nefasto e lendário vampiro numa produção que (perdoe o trocadilho) já chega morta por ser lançada nas noites de sexta nos EUA. A trama começa quando, em 1891, Dracula é ressuscitado por Van Helsing após aparentemente ter sido vítima de uma implacável perseguição tempos atrás. Ele então vai a Londres para estabelecer-se como um inventor novo rico da colônia americana e, através da celebração de negócios com poderosos comerciantes locais, busca se vingar da Ordem do Dragão, organização que também matou sua mulher.

A produção desperta atenção a princípio pelo design  e direção de arte eficientes, que ambientam bem a história com um tom sóbrio. São interessantes, ainda, as diversas referências e crossovers literários como a menção a Jack, o Estripador, que teria sido uma invenção dos perseguidores aos sugadores de sangue, quando precisaram mutilar as vítimas para que não fossem evidenciados os traços do ataque vampiro. Mas infelizmente a sagacidade do roteiro terminou aí, já que ao estabelecer sua premissa, Dracula imediatamente se envereda para uma trilha interminável de muita (mas muita) cafonice.

Estão presentes todos clichês do gênero, como a semelhança de uma jovem local com a ex-mulher falecida do Conde (e que provavelmente descobriremos ser uma descendente futuramente), o fato dela estar noiva de um jornalista, caçadores de vampiro com alho e crucifixos e cenas de luta nos telhados de Londres. Enfim, sem inovar praticamente em nada – fora as referências literarias pontuais que mencionei – e não se preocupando em subverter o gênero que já está mais do que batido, Dracula é um drama que apenas acrescenta custos e espaço na grade de sua emissora.

2star

Após a exibição do episódio há uma prévia dos próximos episódios com mais clichês e, claro, Dracula desenvolvendo um soro que o permite andar pelo sol. Ao final do promo, uma súplica da NBC para que o espectador norte-americano programe seu DVR para gravar toda a temporada – ou seja – nem eles esperam que alguém assista isso na primeira exibição.

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