quinta-feira, abril 18 2024

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[Contém spoilers] Como tentar provar sua inocência quando todos, até mesmos aqueles que você ama, tem plena convicção de que você é culpado? Pior, como fazê-lo quando se está enclausurado, sob vigilância constante e se tem como inimigo alguém acima de qualquer suspeita, com uma mente brilhante e que não só consegue cobrir qualquer rastro de seus crimes como ainda lhe coloca como o autor de todas as atrocidades que cometeu?

Partindo da premissa que deve ser o arco principal desta segunda temporada de Hannibal – a difícil situação na qual Will se encontra e sua busca por provar sua inocência e, por conseguinte, a culpabilidade de seu psiquiatra –, o roteiro prima por não perder tempo nos lembrando de eventos passados; em vez disso, procura dar andamento à sua trama, movimentando os personagens em torno de dilemas morais e problemas advindos de escolhas aparentemente erradas realizadas no passado.

E é justamente esse arrependimento que permeia as ações e pensamentos de Jack, Alana, Will e Hannibal, sob várias perspectivas. Enquanto Jack sente-se culpado pelos supostos crimes cometidos por Will, aceitando resignado as investigações que fatalmente irão ocorrer pela Corregedoria em torno de suas decisões nos casos em que contou com a consultoria do agora detido, Alana procura instigar essa culpa no diretor do FBI como uma forma de puní-lo por causar, ao seu ver, a desestrutura mental do homem que ama. Do mesmo modo, Will, já consciente que fora vítima de uma armadilha preparada com cuidado por Lecter, percebe como passou tempo demais confiando na pessoa errada, buscando um modo de encontrar uma falha no plano deste.

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Curioso é notar como, ao ser privado do convívio das pessoas, Will agora tem reais condições de descobrir a verdade por inteiro, já que pode se concentrar em suas lembranças (“Minhas memórias são tudo o que eu tenho”), que inclusive, já começaram a preencher algumas lacunas dos momentos em que estava em estado hipnótico. Mas é mesmo a ambiguidade de Hannibal que torna este episódio fascinante. Apesar de ver seu plano funcionando do modo como previu (exceto pelo fato de que Will já sabe quem ele é), claramente Lecter sente falta do convívio com seu antigo paciente, como ele deixa claro em suas sessões com a Dra. Bedelia. Aliás, esse relacionamento com sua psiquiatra ganhou novos contornos nessa première a partir do momento em que percebemos pela primeira vez que ela pode saber da real face de seu paciente. Se antes o que nos era mostrado de suas sessões nos levavam a crer que a doutora era apenas mais uma pessoa para a qual Hannibal se mostrava uma pessoa comum, o diálogo tenso que travam em certo ponto do episódio denota que os dois tem um passado que ainda não foi esclarecido.

Já deixando bem clara a proposta que deve seguir durante essa temporada que se inicia, e contando com diálogos bastante inspirados, Hannibal ainda pôde se dar ao luxo de apresentar um flashforward que, ao nos torturar por ficarmos reféns da curiosidade sobre o que vai acontecer não só na continuação da luta corporal entre Jack e Lecter, mas que eventos culminarão nessa cena, tornou a série mais imperdível do que nunca.

5star

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