quinta-feira, abril 18 2024

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[com spoilers do episódio 9×07] Em uma série que se passa em tempo real, o tempo é praticamente uma personagem por si próprio – e o que o sétimo episódio de 24: Live Another Day faz é colocar suas personagens na panela de pressão da vida sem que haja tempo hábil para cair fora dela. Assim, o que temos aqui é uma trama intensa, repleta de ação e que trabalha com diversos conflitos dramáticos.

E explosões. São nada menos do que quatro, prudentemente retomando a média de uma explosão por episódio (algo necessário para manter a adrenalina embebedando o cérebro, o que por sua vez é necessário para acionar a suspensão da descrença). Aliás, as sequências de ação se diluem bem na história, surgindo de forma orgânica na narrativa (o episódio não precisa “desviar” sua trama para que elas aconteçam) e geralmente dando conta do recado – principalmente a sequência em que Jack e Kate fogem de um drone (sim): ao invés de investir na filosofia Fast & Furious – muitos pneus cantando e planos-detalhe de troca de marchas -, o diretor Jon Cassar usa bem as locações e ruas estreitas para dificultar a fuga de Jack e, assim, criar mais tensão com a perseguição (aquele desfecho foi um pouco preguiçoso, mas ok). Até mesmo a discussão entre Heller e Davies no início é inflamada.

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E é interessante perceber que a maioria delas trás uma motivação um pouco mais complexa. Jordan é baleado, mas Navarro claramente se angustia com isso (“ele é apenas um garoto“); o ataque ao hospital é quando Simone se dá conta de que sua mãe não hesitará em matá-la se precisar; Jack tortura Simone até ela desmaiar apenas por raiva, soltando um muito humano “eu odeio essas pessoas” logo depois; e assim por diante. Estamos nos encaminhando para o arco final da temporada, e o sétimo episódio arrasta os espectadores pelo colarinho ao fugir dos caminhos óbvios e obrigar as personagens a lidarem com algo que não consideravam – Heller, por exemplo, se rende às suas limitações antes do que gostaria (e antes do que era imaginado), e sua decepção com si mesmo é um momento bastante envolvente. Ainda que trabalhe em um universo absurdo e recicle uma ou outra coisa dos filmes de ação, 24: Live Another Day não se desgasta por constantemente tirar a faca e o queijo da mão de suas personagens no último minuto e obrigar elas a aceitarem o desenrolar dos acontecimentos (inclusive o fato de que Adrian Cross tá no meio da balbúrdia).

Além de um ótimo trabalho de efeitos sonoros e direção de arte (enquanto a casa de Margot é escura e opressiva, a sede da CIA é aberta e pouco decorada, lembrando mais um galpão, e a elegância sombria da sala do presidente Heller ajuda a mostrar o tamanho do peso que ele tem nos ombros), o episódio novamente conta com uma atuação cativante por parte de Yvonne Strahovski, que investe em uma atuação mais contida para tornar Kate uma personagem crível e humana. A agente, inclusive, tem se mostrado uma das figuras mais interessantes da temporada, e o momento onde ela dispara o alarme do hospital logo após saber da necessidade de evacuação ajuda a ilustrar sua eficiência e prontidão. Resta torcer para que os realizadores consigam manter a qualidade da personagem e dos acontecimentos. E das explosões.

4star

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