sexta-feira, março 29 2024

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[com spoilers do episódio 9×08] Estamos chegando ao clímax de 24: Live Another Day, o que é uma forma bonita de dizer que, a partir de agora, a vaca vai ir cada vez mais para o brejo e Jack terá que tirar cada vez mais coelhos da cartola. Mas nem sempre há tempo, e 24 não tem pudor nenhum de simplesmente deixar rolar algum acontecimento que vai redefinir a trama, as personagens e as relações entre elas – assim, este oitavo episódio dá um tapa no traseiro da história para ela trotear enquanto aproveita para lembrar que ninguém é intocável na série (e mantém a média de uma explosão por episódio).

E uma das coisas que 24: Live Another Day faz bem nesta hora é tirar o pessoal da zona de conforto, subvertendo a situação e obrigando as personagens a lidar com elas – e, no caminho, tornando-as mais tridimensionais. É interessante, por exemplo, ver que Margot não é simplesmente uma caixinha de maldades e que mantém uma certa honra, colocando seus valores acima da tentação (ao mesmo tempo, a dedicação dela à missão nunca foi tão evidente quanto o diálogo “tempos que assumir o pior: ela ainda está viva” se referindo à filha. Mãe do ano). Do outro lado, Kate continua sendo “corrompida” pelo Jack, já que inicialmente sequer pensara em arriscar a vida de Simone por uma informação e depois já partiu para a intervenção da substância química que faz o que o roteiro precisa. São elementos que tornam a trama imprevisível, ajudando a criar cenários diferentes e a afastar as personagens de estereótipos do gênero.

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Claro, a situação mais complexa ocorre quando Heller, assim como muitos homens, cai sob os encantos de uma ruiva e marca um encontro com a moça e o amante dela, o drone armado com mísseis: as já dramáticas circunstâncias ganham ainda mais intensidade com a correria para encontrar uma solução e as iscas de esperança oferecidas pelo episódio (como o disco rígido que talvez permita a Chloe assumir o controle dos drones), que vão se acumulando e criam uma eficiente antecipação dramática para a cena final (e reparem como passar o controle para Margot adiciona tensão à cena e simultaneamente mostra o quanto aquilo significa para ela). Além disso, a hesitação de Mark, expressa com sutileza por Tate Donovan, confere gravidade e seriedade ao momento (tipo, se ele não se importasse o público saberia que a coisa seria resolvida no último segundo), enquanto a surpreendente explosão (calma, não essa) de Heller com Jack dá uma dimensão da inevitabilidade do sacrifício e do quanto aquilo significa para ele.

Isso também permite uma cena extremamente emocional envolvendo Mark e Audrey, mas infelizmente Kim Raver sabotou a ideia com uma atuação forçada e limitada. Aliás, o momento do, digamos, “pontapé inicial” em Wembley é outro que deixa a desejar, já que utiliza um CGI tão nefasto que seria melhor riscar um fósforo ali e colocar alguém gritando “BUM”.  E ainda temos a trama envolvendo Jordan, tão irrelevante que poderia ser manchete principal em grandes portais de notícias. Mas são problemas pontuais, que não estragam a fluidez ou intensidade de um episódio bem produzido, bem dirigido e que tem como um dos destaques uma trilha inspirada e envolvente. E se alguém tinha dúvidas de que 24: Live Another Day tinha medo de sujar as mãos, bem, esta é a hora de mudar de opinião.

4star

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