sexta-feira, abril 19 2024

Orphan Black Finale

Orphan Black chega ao fim de sua segunda temporada com um episódio excelente, que encerrou os arcos narrativos do segundo ano de forma satisfatória e colocou a história nos eixos para o que promete ser uma terceira temporada eletrizante.

A saga do Clone Club liderado por Sarah teve altos e baixos nesses últimos dez episódios. O que foi uma mitologia muito bem construída e executada com ritmo ágil na primeira temporada deu lugar a conspirações um pouco mirabolantes demais, com um Instituto Dyad confuso em seus propósitos (Rachel, Dr. Leekie e até Marion Bowles, como descobrimos no finale, direcionaram os interesses do Instituto em sentidos opostos), lealdades em constante mudança (Mrs. S. e Paul, em especial) e uma trama religiosa com os Proletheans que, embora interessante em conceito, ficou um tanto chata na prática – mas, reconheço, teve pontos relevantes na humanização de Helena, na fertilização e implantação dos óvulos da seestra e na introdução de Gracie e Mark, do qual finalmente compreendemos a relevância para a série com a revelação sobre os boy clones.

O season finale da segunda temporada, no entanto, deixou a sensação de retorno ao primeiro ano de Orphan Black ao apresentar uma narrativa tão ágil que mal nos deixou respirar, quanto mais adivinhar o que viria a seguir, e ao mesmo tempo não deixou pontas soltas na história. O episódio teve toda cara de game changer ao revelar que a trama é bem maior que as clones incrivelmente interpretadas por Tatiana Maslany (vencedora do Critic’s Choice Television Awards pelo segundo ano consecutivo) e inclui também multinacionais que controlam multinacionais, com a Topside de Marian Bowles, o retorno dos militares envolvidos no Projeto LEDA (agora com a subdivisão CASTOR) e os já mencionados boy clones com o rosto de Mark, que devem garantir mais boas atuações na terceira temporada, dessa vez do competente Ari Millen.

OrphanBlack-Mark

Isso tudo, é claro, significa mais riscos para Sarah e companhia. A cena inicial, por exemplo, já trata de forma explícita o que realmente está em jogo para as clones quando o Instituto Dyad diz que elas são propriedade intelectual restrita, conforme revelado no final da primeira temporada. Sarah é examinada, perfurada, questionada. Sentimos a invasão de seu corpo e de sua intimidade ao longo de toda a sequência,  intercalada, em uma linda edição, com os momentos de tensão entre a protagonista, Felix e Mrs. S. imediatamente após o sequestro de Kira, quando Sarah decide se entregar para sua ‘rendição incondicional’. Rachel agora abandonou toda e qualquer tentativa de uma relação amigável com as clones e parte com força total para o domínio de suas ‘irmãs’.

Quem também sofre com a obstinação maníaca de Rachel é Delphine, transferida para Frankfurt (!) e forçada a deixar Cosima, não sem antes revelar o itinerário da clone vilã e dar uma chance para a fuga de Sarah e Kira. Orphan Black entrega outra bonita cena ao mostrar a aula de ciência de Cosima para a sobrinha simultaneamente ao processo de construção de uma arma improvisada pela cientista com a ajuda de Scott – que subiu no meu conceito ao se mostrar disposto a arriscar tudo para salvar Cosima e suas irmãs.

O lápis que acerta em cheio o olho de Rachel é o momento de catarse do finale, por mais difícil que seja acreditar que aquele plano funcionaria tão lindamente na vida real. Não foi lá um ataque muito letal, portanto a vilã deve retornar com sangue nos olhos (rá!) e sede de vingança na próxima temporada, ainda mais louca que agora. Só espero que ela não desconte a raiva na única pessoa que, aparentemente, ainda está sob alcance dela – Delphine, de quem não sabemos o paradeiro ao final do episódio.

OrphanBlack-CosimaKira

Aliás, a aparição de Delphine com áurea de anjo-que-veio-levar-a-amada-em-direção-à-luz, quando Kira encontra uma Cosima imóvel e sem resposta na cama de Felix, me deixou com o coração na mão. Já estava chorando, incrédula, quando Cosima finalmente acordou. Graças aos Deuses Clonados! A clone geek continua viva e agora com as sequências sintéticas de Duncan em mãos no livro The Island of Dr. Moreau. Resta saber se ela vai conseguir descobrir uma cura a tempo. Pelo visto, a hashtag #SaveCosima continua na terceira temporada.

Como Orphan Black não é apenas uma série de suspense e sofrimento, tivemos um momento de fofura total quando Helena finalmente tem a chance de conhecer suas outras seestras, Cosima e Alison – esta visivelmente tensa pela presença da ex-assassina de clones. Mas as reservas de Alison desmoronam quando Kira corre para abraçar Helena, e logo toda a família está dançando no apartamento de Felix, no que certamente já é uma das melhores cenas de toda a série. Lembrando que foi a primeira vez que vimos quatro clones no mesmo enquadramento, e é possível notar que a cena se estende apenas pelo prazer de ver as seestras unidas. Outro momento tocante foi a conversa entre Sarah e Cosima, em que a cumplicidade das irmãs fica evidente. O diálogo mais uma vez ressalta a veia sobrevivente de Sarah, ao mesmo tempo em que ecoa outra conversa entre ambas, no episódio seis. Na ocasião, Sarah disse as mesmas palavras, ‘Não posso fazer isso sem você’, e a resposta de Cosima foi mais positiva do que o ‘Você ficará bem‘ deste finale.

OrphanBlack-Sestras

Como nota final, fica o reconhecimento para os roteiristas da série por terem integrado, de forma bastante inteligente, as histórias de Paul, Mrs. S., Cal e Marion Bowles. Paul, que estava sumido há dois episódios, retorna com a revelação de que é um agente duplo militar, leal ao Projeto CASTOR e ex-infiltrado na outra subdivisão do Projeto LEDA, o Instituto Dyad. Revelações foram feitas na última xícara de chá compartilhada por Paul e Mrs. S., no sexto episódio desta temporada, já que os dois permaneceram aliados desde então e voltaram a se encontrar para salvar Sarah e Kira neste finale, às custas de Helena (pobre Helena! E ao que parece ninguém notou que ela sumiu, de novo), entregue aos militares por motivos ainda desconhecidos. Já Cal, que além de pai gato de Kira é também sabido das interwebs, deu continuidade a sua pesquisa independente e encontrou a chave para ajudar Sarah e chegar mais perto da verdade sobre os dois projetos de clonagem, tanto o feminino quanto o masculino, com a ajuda de Marion.

As perguntas para a terceira temporada agora mudaram, o que pode ser ou muito bom, ou muito ruim. Muito bom, se os showrunners conseguirem equilibrar suspense e revelações de forma coerente e bem ritmada, como no primeiro ano da série, e se Orphan Black não se limitar a ser uma plataforma para Tatiana Maslany (e agora Ari Millen) arrasar na atuação – o que é ótimo, mas não sustenta a história. Muito ruim, se tanta mitologia sobre clones, projetos, instituições e tudo mais se acumular em uma narrativa que quer contemplar toda sorte de conspirações e acaba por perder o foco do apelo inicial da série, ou seja, a jornada de auto-descoberta e sobrevivência de Sarah e Kira, Cosima, Alison e agora Helena. Serão dez longos meses até descobrirmos isso, na próxima temporada.

4star

 

 

Últimas considerações:

– Delphine enviou o itinerário de Rachel para Cosima via email. O remetente? Eskimo Pie. <3

– O Clone Club ganhou uma mini-seestra, Charlotte. Achei fofa, mas não ficou claro qual será o papel dela na história.

– Fiquei triste com o suicídio do professor Ethan Duncan, era um personagem que ainda podia render boas cenas.

– Expressões faciais de Tatiana Maslany que a gente ama:

Helena, você queimou o rancho do pessoal dos peixes?

Não. =)

– E, finalmente: Clone Club Dance Party! Incrível atuação de Tatiana Maslany, como sempre, trabalhada apenas na expressão corporal.


– Making of da cena, com direito a Dance Party da equipe no final.

3 comments

  1. Como não chorar com a cena em que a Cosima não responde?
    Ela ja é uma integrante consagrada do Clone Club! Agora sobre todas as outras milhões de perguntas que surgiram com esse final de temporada, só uma coisa: Que tortura será aguardar tanto tempo :(

  2. manooo, na hr que a kira foi chamar a cosima e ela n tava acordando…. eu quase morri
    cara, eu ja tava querendo jogar o computador longe, só que aí ela acordou (obg Senhor)

  3. Não consigo parar de rir com a cena de Helena dançando muito engraçado.
    A melhor cena da segunda temporada.
    Que venha outras!!!

Deixe um comentário