quarta-feira, abril 17 2024

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Ao longo desses quase oito anos cobrindo séries tempo, acompanhamos muitos cancelamentos e também voltamos para ver (ou rever) produções mais antigas que não assistíamos na época. Muitas vezes dá saudade de comentar alguma série finalizada que adoramos ou que só tivemos tempo para conhecer de verdade agora.

Pensando nisso, criamos a coluna Séries Desligadas, que abordará uma série já cancelada que vale a pena conferir. Logo de cara, falaremos sobre Alias, produção protagonizada pela (linda e maravilhosa) Jennifer Garner. Quem não conhece, encontrará aqui vários motivos para iniciar a maratona. E quem já assistiu vai adorar relembrar, não é? Aproveitem e sugiram as próximas séries da nossa nova coluna. =)

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Antes de ser alavancado de vez ao sucesso como um dos cocriadores e produtores-executivos de LOST em 2004, o roteirista e diretor J.J. Abrams foi responsável pelo desenvolvimento de uma das séries mais divertidas e subestimadas do início dos anos 2000: Alias. O drama foi uma produção caprichada da ABC, com características cinematográficas, e dona de uma estrutura narrativa modular que equilibra espionagem-de-toda-semana com peças do quebra-cabeça mitológico que ditam o tom de mistério da série – características especialmente marcantes se pensarmos que isso tudo aconteceu em 2001, mesmo ano em que estreou 24, quando a nova Era de Ouro da TV começava a se delinear principalmente na televisão aberta.

Alias contou a história de Sydney Bristow, jovem universitária que levava uma vida dupla de estudante e de espiã em uma subdivisão secreta da CIA, a SD-6. Quando o namorado de Sydney a pediu em casamento, ela decidiu revelar sua identidade secreta, e a decisão não só trouxe consequências trágicas para sua vida, como também acabou revelando uma verdade devastadora: a SD-6 é uma fachada de uma agência terrorista que faz os funcionários pensarem que trabalham para a CIA, quando na verdade o objetivo é roubar informações de inteligência em nível internacional. Em outras palavras, Sydney trabalhava para o inimigo que pensava combater. Decidida a acabar com a agência que a traiu, ela procura a verdadeira CIA e começa a trabalhar como agente dupla.

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Tudo isso acontece só no episódio piloto, cujos pouco mais de 60 minutos são uma excelente amostra das melhores características da produção: a tensão narrativa construída a partir do vai-e-vem temporal, as cenas de ação eletrizantes (Sydney chuta bundas como ninguém!), os toques de leveza na convivência de Syd com os melhores amigos da vida ‘mundana’, Francie e Will (uma boa interpretação de Bradley Cooper, em seu primeiro papel de destaque), a química dela com Vaughn, contato da CIA que se torna interesse amoroso da personagem (Michael Vartan é um ator mediano, mas a energia que emana da interação dele com Jennifer Garner sustentava o bonito romance desenvolvido pelo casal) e, principalmente, o foco dramático nas consequências que a vida de espiã têm na protagonista.

Aqui o mérito recai não só no roteiro, mas também na excelente atuação de Garner, que constrói uma personagem forte e independente, mas com traços sensíveis e vulneráveis. A Sydney da atriz é o coração que leva a série adiante em suas cinco temporadas, mesmo quando a história decai nos dois anos finais. Entre novos e desinteressantes personagens da quinta temporada, é Syd quem sustenta as melhores cenas, e os produtores parecem ter sacado isso ao investir em uma sequência de episódios finais que funcionam como uma espécie de homenagem à protagonista e à sua trajetória, em especial com The Horizon (5×09) e There’s Only One Sydney Brostow (5×12, o centésimo da série).

Destaque também para o pai casca dura Jack Bristow, interpretado por Victor Garber, e para os personagens secundários carismáticos, como o tech geek Marshall e o agente Eric Weiss. Com pouco mais de 100 episódios de uma narrativa de ritmo dinâmico e envolvente, em um estilo que lembra muito algumas séries queridinhas mais recentes, como Fringe (produzida, inclusive, pela mesma equipe criativa) e Orphan Black, Alias é uma excelente opção para preencher o vazio do mid season com uma série divertida e uma produção que não deixa a desejar nos desafios a que se propõe.

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