sexta-feira, abril 26 2024

TWB031014scorpion.jpg

[com spoilers do episódio 1×03] Na crítica do episódio piloto de Scorpion, comentei que seria difícil a série sair do formulismo – e, assim como Point of Failure, este A Cyclone segue o padrão e dirige pela avenida “Problema da Semana Resolvido no Apagar das Luzes Por Gente de QI Alto”. Entretanto, essa característica ainda está longe de soar repetitiva. E a verdade é que Scorpion consegue superar os pequenos tropeços e realizar mais um episódio envolvente e divertido.

Um dos motivos é que, embora a planta baixa seja a mesma, a série constrói a história com diferentes decorações: no piloto foi uma crise aérea, em Point of Failure a biotecnologia é que puxou a trama e agora é a vez do bom e velho terrorismo explosivo. Ainda é tudo um trampolim para a Gangue do QI mostrar suas habilidades, mas pelo menos exige novas abordagens e permite que Scorpion possa dar mais destaque a alguma personagem de forma natural (por exemplo, aqui Happy aparece bem mais do que nos episódios anteriores). Além disso, a dinâmica entre o grupo é excelente, conferindo um ritmo empolgado às desventuras, permitindo boas sacadas de humor (“esta é a nossa música tema“), construindo trocas de diálogo frenéticas que mantém o espectador sempre atento, enfim, estacionando um caminhão cheio de diversão na caçamba e despejando tudo na história.

 A Cyclone também ganha pontos ao mostrar que as relações da equipe não estáo sedimentadas, aproveitando um belo insight ao colocar Paige como sendo deslocada por uma turma de deslocados – e que naturalmente passam a duvidar da contribuição dela (embora o momento em que a moça volta a conquistar o respeito seja um pouco forçado e não atinja a catarse necessária). Aliás, algo que Scorpion conseguiu fazer com sucesso ao longo desses três episódios é mostrar que Walter, Sylvester, Happy e Toby estão assustados, com medo de perderem um ao outro e esse lugar onde se sentem seguros, receosos de que terão que voltar para voltar a uma sociedade que não necessariamente os entende. E essa informação, mostrada sem exageros através de pequenos momentos (como Happy acertando o Marine ou Sylvester sendo incapaz de lidar com as provocações no furgão), só aumenta a empatia e o carisma das personagens (e justifica um pouco a função de Paige ali como uma espécie de “mãezona” da galera).

Infelizmente o sinal de qualidade do episódio cai de vez em quando, como no já citado momento em que Paige deixa todos eles comendo poeira, quando Toby descobre o IP de Frank Turner ou quando Toby pressiona o garçom. Os finais com “salvação no último segundo” também já estão meio batidos e Scorpion até aqui não conseguiu realmente acertar a mão no clímax das tramas, que possuem desfechos interessantes mas executados de forma um pouco burocrática (parece que falta um pouco mais de cuidado na decupagem). Apesar disso, A Cyclone é mais uma dose de diversão espalhada em quarenta minutos frenéticos e envolventes. A série engatou em um ritmo cativante e, com um pouco mais de investimento no arco dramático das personagens e de criatividade em certos momentos-chave, pode ir longe.

4star

 

2 comments

  1. Pelo visto, essa será a primeira série dessa fall season que irei abandonar.

Deixe um comentário