sexta-feira, abril 19 2024

community1[com spoilers do episódio 6×05] Após cair um pouco em termos de inspiração no ligeiramente preguiçoso Queer Studies and Advanced Waxing, Communty retornou ensopada de criatividade para este Laws of Robotics and Party Rights, onde continua sua tradição de levar as tramas por caminhos imprevisíveis até atingir quantidades colossais de insanidade.

É também o episódio mais engraçado da temporada até aqui, despejando tiradas geniais como se não houvesse amanhã (“não terei escolha a não ser ajustar o contraste das suas telas“, “é como ver mágicos tirarem sarro de malabaristas“, “se você acusa alguém de algo, é melhor ter provas ou que a pessoa seja de uma minoria“) em sequências que aproveitam muito bem o timing cômico do elenco e a montagem (com frequência os one-liners são precedidos/seguidos por um corte, dando mais dinâmica à fala e reforçando ela como uma espécie de punchline). Aliás, é incrivelmente satisfatório, e até mesmo uma manifesto contra as leis da probabilidade, ver Chang funcionando tão bem com piadinhas curtas e certeiras (“um do outro?“) e que não apelam para a hipérbole caricatural – Elroy também fez esse papel com sucesso, por sinal, assinando em cartório sua posição no grupo de estudos com carisma e naturalidade.

Além disso, há espaço para aproveitar o talento do resto do elenco, seja em Abed jerryseinfelzando ou na subversão da persona de Annie ao colocar a garota falando com uma dureza que torna Joe Pesci um ursinho pimpão. O melhor, no entanto, é ver que Laws of Robotics and Party Rights constrói sua trama com cuidado, plantando as pistas necessárias para que a insanidade final seja justificada pelo que veio antes: Jeff vai perdendo a cabeça aos poucos, em eventos cujo significado é atribuido pelo próprio episódio (a “tentativa de assassinato”, que resulta em uma rima fantástica com a cena onde Jeff vira um “assassino”) ou provocado pelo que a série já construiu (quando Abed para de filmar Jeff ou Britta pede para que ele pare de ser um “buzz kill”, sabemos que as coisas estão feias). Do outro lado, a lógica utilizada pela loira-ativista-psicóloga-coucher estabelece as bases para que a história da festa chegue à perda total de controle, permitindo que a trama chegue dançando até o clímax cheio de gente e conflitos (ainda que o desfecho seja um pouco abaixo do esperado).

O único porém, mais uma vez, fica na utilização do Dean Pelton, cujos exageros são divertidos mas não quando aparecem de forma exagerada no episódio, tornando o exagerosismo algo que muitas vezes destoa da narrativa e fica exageradamente instável. Fora isso, Laws of Robotics and Party Rights é Community acertando em cheio, unindo criatividade, humor e iPads em sua jornada para mostrar aos filisteus com quanto talento se faz uma comédia.

5star

 

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