quinta-feira, abril 25 2024

tgw2015

Sou grande fã e entusiasta de The Good Wife desde que a série estreou em 2009. Começou como um drama jurídico procedimental e rapidamente se tornou uma referência televisiva juntando um elenco afiado, ótimas interpretações, convidados excepcionais e uma capacidade única de balancear os sempre interessantes casos da semana com os arcos pessoais e políticos da protagonista Alicia Florrick.

Mas quem é fã mesmo e acompanha desde o início sabe que há pelo menos duas temporadas e meia a série vem apenas esboçando os traços que faziam dela uma produção completa. Ainda que acima da média, The Good Wife fatalmente já não é tudo aquilo que foi e por isso – relutei em admitir – penso que já chegou na hora de terminar.

Tudo que já podia acontecer em termos de reestruturação dos escritórios já foi feito. O Lockhart/Gardner já fundiu, cindiu, derivou outras sociedades, seus sócios já se amaram, brigaram e transigiram em diversas ocasiões. Florrick Agos, Lockhart Agos and Lee… (aliás, cadê David Lee?). O que mais pode acontecer? Alicia vai trabalhar com Canning (Michael J. Fox) e não vai, entra gente, sai gente e aí, o que fica?

tgwcanning

Fato é que os interessantes casos de tribunal e que contavam uma história completa a cada episódio, hoje surgem e vão à serviço de um roteiro que muitas vezes não sabe ou simplesmente não quer concluí-los. Ora, toda aquela trama envolvendo a NSA na temporada passada sumiu, retornou nessa indicando que iria ser retomada e desapareceu de novo. O mesmo acontece com as participações especiais recorrentes. Cadê Colin Sweeney? O irmão de Alicia? Elsbeth Tascione? Os interesses amorosos potenciais da protagonista também surgem apenas para causar um certo agito e somem sem dar notícia. Jeffrey Dean Morgan é o da vez, mas sabemos que logo logo o “contrato” dele acaba e o Negan surgirá em The Walking Dead. O drama se tornou um local onde personagens fazem check-in no Foursquare e logo partem pra outra.

A capacidade de discutir assuntos relevantes, inclusive, está em segundo plano. Bom exemplo disso foi o episódio da semana nos EUA, Discovery, onde um importante e atual tema é levantado: racismo digital através de um aplicativo de mapas que dá flag em áreas avaliadas como perigosas por usuários e que ~coincidentemente~ correspondem a bairros de maioria negra. Mas todo o debate envolvendo privacidade, intenção discriminatória e a responsabilidade de grandes empresas desenvolvedoras como ChumHum (leia-se Apple e Google) é apenas sugestionado e nada aprofundado. Tudo vira pano de fundo e acaba como um número de acordo extrajudicial em uma mesa de mediação.

thegoodwife2015

Onde está a The Good Wife que instiga, provoca e incomoda com temas sensíveis? O episódio do aborto nessa temporada só serviu pra tentar chocar de forma barata e terminou sem propósito algum. Cadê as alegações e discursos inspirados que emulavam a saudosa Boston Legal? Se antes a série sabia equilibrar com maestria todos os seus pilares, hoje falta um fio condutor. A megalomania de colocar Peter Florrick como pré-candidato à presidência é um sinal claro de que o roteiro não estava preparado para lidar com tamanha responsabilidade. Apesar de que aqui e ali a produção traga momentos inspirados e empolgantes (muitos deles envolvendo as reviravoltas arquitetadas de Eli Gold), ela logo se sabota e “reinicia” tudo no capítulo seguinte. Um passo à frente para dois atrás.

Como fã desse universo, desses personagens – de Grace Florrick a Diane Lockhart (que aliás, está bem apagada) – há tempos saio de cada episódio com a vontade de que os realizadores comecem logo a planejar o fim deste excelente drama e o coloquem em prática. Potencial para entregar excelentes episódios e uma ótima temporada eles ainda possuem e todos os elementos estão aí à disposição. Mas é hora de pensar numa estratégia de saída. Ainda dá tempo de acabar por cima antes de virar uma Scandal da vida. Mas se for continuar, eles precisarão melhorar muito o que hoje estão colocando no ar.

11 comments

  1. É complicado né, quase sempre chega no auge sensacional e decai (na verdade com potencial de ter um final excelente/continuar sendo algo muito bom)… E concordo que eles têm todos elementos para fazer algo incrível… Nas duas/três primeiras temporadas – e arrisco até a quarta – eu achava o roteiro tão sensacional! Eles seguiam uma linha de raciocínio tão bacana de ver aplicada na série que me deixava com a vontade de ver mais e mais. Na minha opinião essa linha de raciocínio foi se perdendo, então não sei o que esperar agora. Bom texto!

  2. Concordo. Fiquei decepcionada com a saída do Finn, principalmente do jeito que foi. Faltou mencionar a saída da Kalinda também e aquela cena final forçada das duas. O Jeffrey Dean Morgan já nem acostumei por saber que também seria temporário. Enfim, melhor sair quando ainda dá, estilo Breaking Bad do que se arrastar e virar um How I Met Your Mother ou, pior, Dexter!

  3. Acho que esse e o mal de se fazer series durante anos sem planejamento. Breaking Bad teve grande vantagem nisso, porque independentemente da serie dar audiencia ou nao, ou de ser o sucesso que foi, os produtores e escritores, ja tinha preparado ela pra durar apenas 5 temporadas.

    Ou seja, eles ja sabiam aonde queriam chegar com o personagem, agora the good wife esta virando uma bagunça, que passou da hora de acabar, assim como Greys anatomy, e the walking dead.

    Uma pena o bom roteiro dessas series, estarem dando lugar pra ganancia das suas emissoras, que sugam elas ate nao poderem mais, e as transformam em verdadeiras porcarias.

  4. to puta!!!!!!!!!!! qdo escolhem o homem perfeito pra Alicia, deixam escapar de novo!!! ja deu no saco mas eu amo a série ..a unica hj em dia q eu baixo logo assim q sai o torrent!! to triste

  5. já tinha notado essa queda na qualidade mas ainda acho que tem alguns momentos. encaixo aqui uma crítica para grey’s anatomy. nesse ano principalmente estou perdendo a paciência com ela, pois nitidamente trouxeram roteiristas do private pratice. está muito dificil entender as tramas tão chatas, tão irritantes até. como drama está parecendo um amontoado de textos ruins que fica dificil entender onde querem chegar. já de good wife ainda vejo uma tentativa de reerguer mas não sei se haverá tempo. abs

  6. A temporada passada já não tinha sido grandes coisas e essa está ainda ainda pior, apesar de não ser uma série ruim (por enquanto). Só que sem muito esforço ela vai se tornar outra House, onde a série se tornou uma caricatura e um rascunho do que ela já foi anteriormente. Espero de verdade que essa seja a última temporada ou que terminem na próxima, de preferência cortando para 13 episódios com um plot focado.

  7. Achei que até a última temporada tava arrasando, apesar das bagunças de mudanças de escritório… Mas essa temporada tá peeeeesssiiiima. Que pena. Mas tb acho que já deu o que tinha que dar.

  8. Ainda gosto muito da série. Não acho que esteja perto do fim. Incomoda é a manutenção dos coadjuvantes, quase protagonistas. Torço para que Peter seja eleito e a série mude de cidade, com novos personagens. Isso sim, seria ótimo.

  9. Concordo. A série precisa acabar. No entanto, vai ser difícil preparar um final à altura do que já foi The Good Wife. Eles precisam estruturar ao menos alguns pontos para que a série desperte desejo de continuidade, para então chegar ao final. Alicia enquanto protagonista precisa de um romance, o que não significa que precisa ser um novo Will Gardner com quem ela se case e forme família, mas, ao menos, parceiros/as sexuais. Vimos até a quarta temporada um SHOW de cenas quentes entre ela e Will, e agora… Nada. Se o fato de não mais haver isso é para mostrar o quanto Will foi e ainda é importante na vida dela, deveriam então explorar a saudade. Poderiam ter feito do Finn um homem completamente apaixonado por Alicia, e ela sem amor por ele, apenas afeto de amigo. E assim vai. Sem contar a chatice que se tornaram as vidas de Cary, Peter e Diane. E por qual motivo não explorar mais a vida dos filhos de Alicia e Peter? A Grace se tornou quase uma figurante que faz papel de secretária, gente! É revoltante, viu (mas assisto fielmente ainda).

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