quinta-feira, março 28 2024

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Após os eventos frenéticos dos dois primeiros episódios, era inevitável que a sexta temporada de Game of Thrones iria pisar no freio um pouco para dedicar mais tempo no desenvolvimento das conspirações e intrigas nas quais os personagens se encontram. Nesse quesito, o capítulo dirigido por Daniel Sackheim e escrito pelos showrunners David Benioff e D.B. Weiss se saiu muito bem, apesar de alguns tropeços.

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Oathbreaker” ou seja, quebrar promessas ou juramentos, foi tema recorrente no episódio que começou no exato momento onde Home encerrou: retratando os primeiros segundos da nova vida de Jon Snow. Sackheim e D&D ilustraram bem a angústia e confusão do personagem nessa atípica situação: as interações com Davos, Melisandre, Tormund e Edd, assim como as reações destes personagens, foram ótimas. O roteiro poderia ter gastado mais tempo nesse novo estado emocional do Bastardo, contudo.

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Além da Muralha, finalmente tivemos a chance de contemplar uma adaptação da famosa batalha na Torre da Alegria. A cena foi eficiente, com destaque para a bela locação espanhola e a coreografia da luta de Arthur Dayne. E embora não tenha sido dessa vez que a teoria R + L = J foi confirmada, a própria série brincou com esse recurso de roteiro através de uma fala do Corvo de Três Olhos: “Isso é o bastante por hoje. Voltaremos em outra hora” e a reação frustrada de Bran representou o público perfeitamente. Ainda assim, a cena funcionou como um belo teaser sinalizando que o caminho é esse, desde a menção à Lyanne no primeiro capítulo da temporada. Resta saber se a famosa equação será concluída ou se os realizadores vão subverter as expectativas colocando mais uma variável.

Fora isso tivemos altos e baixos: Sam e Gilly seguem sem relevância para a trama, servindo apenas para estabelecer o destino do casal: a moradia da família de Sam. Já do Outro Lado do Mar Estreito, retornamos junto com Daenerys para Vaes Dothrak, mas só para mostrar algo que já sabíamos, sobre sua nova vida com as viúvas dos Khals.  Isso não ajuda a tirar a sensação de que a sua trama voltou a andar em círculos.

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E se em Meereen tivemos certo avanço agora que foi revelado que os Mestres de Yunkai, Astapor e Volantis estão apoiando as ações dos Filhos da Harpia – e as futuras negociações entre Tyrion e os antagonistas podem dar uma nova chance para o personagem brilhar. Além disso, o arco de Arya também caminhou bem mais rápido em comparação aos episódios anteriores, num eficiente trabalho de montagem que ressaltou a evolução de seu treinamento até recuperar a visão.

Já em Porto Real vimos Cersei conspirando para retornar ao poder,com a ajuda de Jaime, Gregor Clegane e Qyburn, mas as suas ações foram sabotadas pelo Alto Pardal, que agora está manipulando Tommen para o seu lado. O elenco desse núcleo é um show à parte, mas agora não dá mais para negar que nada de importante realmente aconteceu até o momento. Em Winterfell, Rickon Stark e Osha finalmente retornaram à série após terem permanecido ausentes desde a terceira temporada, infelizmente reféns do novo Lorde de Winterfell. Eu realmente gostaria de acreditar que tudo não passa de uma conspiração dos Umbers para enganar e trair Ramsay, mas aquela cabeça do Cão Felpudo diminui bastante a possibilidade disso realmente acontecer.

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Mas o momento mais importante de Oathbreaker veio mesmo ao fim, com Jon executando os traidores. Embora seja satisfatório aos olhos do espectador, as ações do Bastardo cria a primeira de muitas perguntas: o fato dele enforcar os traidores em vez de decapitá-los pessoalmente seria um sinal de que a sua personalidade está mudando? Isso vai completamente contra o ensinamento que ele recebeu do pai: “o homem que dita a sentença deve manejar a espada.”

A ação seguinte de Jon foi bem menos ambígua: abandonar o posto de Comandante da Patrulha. Fãs dos livros já tinham especulado isso desde “A Dança dos Dragões”, com o argumento de que Jon poderia utilizar a sua “morte” como uma desculpa para renunciar aos seus votos. Do ponto de vista de roteiro, é um artifício extremamente interessante, já que agora a jornada de Jon está aberta à inúmeras possibilidades, sendo a mais atraente que ele a aproveite a oportunidade para finalmente aceitar a missão de vingança contra os Lannisters, Boltons e Freys. Vale lembrar que Sansa está fugindo em direção à Muralha, e a menos que os roteiristas façam mais um de seus sádicos jogos, o seu encontro com o meio-irmão pode motivar ainda mais as suas ações.

Acertando ao deixar os núcleos de Sansa/Brienne e Theon/Ilhas de Ferro de lado, para dar mais tempo de respiro aos demais personagens, Oathbreaker teve um saldo positivo, apesar dos deslizes mencionados. Até o momento, assim, a sexta temporada segue bastante satisfatória.

4stars

Observações:

– Edd perguntando a Jon se ele realmente se sentia o mesmo Jon de sempre é uma piada, mas também é uma referência à possível nova personalidade do personagem.

– Em defesa da série vale citar que, nos livros, a cena da Torre da Alegria termina antes mesmo da batalha começar.

– Os fãs dos livros esperam pela confirmação da teoria R + L = J desde 1996. Creio que podemos esperar mais algumas semanas, não?

– Mais uma vez, não houve novas locações no mapa de abertura. Porém, Vaes Dothrak finalmente retorna após ter realizado a sua última aparição na segunda temporada.

– Diga-se de passagem, o CGI das estátuas de Vaes Dothrak estava incrível, e é um claro avanço em relação à modesta aparência que essa locação tinha na primeira temporada.

12 comments

  1. Ao meu ver, ele manejou a espada. De fato ele otimizou o processo, cortando a corda que fez com que os 4 fossem enforcados ao mesmo tempo. Isso faz dele o responsável direto pela morte dos 4 corvos traidores. Não vejo esse ato como alteração da conduta dele, ainda assim, acho que ele não é mais o mesmo.

  2. Eu discordo da parte em que você cita ele ter enforcado ao invés de de captar os traidores signifique mudança de personalidade. Para mim, o Jon fez exatamente o ensinamento do pai, pois foi ele quem cortou a corda que resultou na morte dos corvos. No meu ver, é basicamente a mesma coisa.
    Ainda não dá para falar muito do ‘novo’ Jon. Mas já dá para ver que o arco dele está caminhando pro fim, assim como toda série.

  3. para mim o ensinamento “o homem que dita a sentença deve manejar a espada” não é literal, e sim uma forma de dizer que quem dá a ordem de execução que deve ser o carrasco.
    ao meu ver, seria um desvio da personalidade dele se tivessem todos enfileirados e ele passasse o papel de carrasco para um terceiro..

    talvez, beeem talvez mesmo, alguém pudesse questionar como um desvio da personalidade dele o fato ter matado os traidores e logo depois passado o manto de Lorde. pois se ele já pretendia abrir mão de sua posição, será que matar os traidores com as próprias mãos não pode ser levado como um ato de vingança, visto que o sucessor dele tbm levaria os 4 para a forca?
    eu particularmente acho que não, e é justamente pelo que ele aprendeu de que ‘quem dita a sentença deve brandir a espada’. se eles foram condenados enquanto ele era o senhor comandante, ele deveria brandir a espada, e não deixar isso para o sucessor dele, mesmo já intencionando sair.

  4. Pra mim foi apenas um artifício da série, pois ia ficar chato ver 4 decaptações executada por uma personagem que representa “o bem” da série. Ademais, Jon Snow não é seu “pai”. Por fim, a política de Eddard fez com que os Kastarks traíssem os Starks no casamento vermelho. Deixa como está, também acho que ele executou a sentença. Só foi prático.

  5. Concordo, e tambem concordo que ele saiu ,e tomar o luga prodireito do norte.

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