domingo, abril 21 2024

westworld19

Misteriosos e quase sempre dúbios. Se precisássemos definir a natureza dos personagens de Westworld em poucas palavras, essas características muito provavelmente fariam parte de qualquer lista, certo? Pois bem, depois de repercutirmos a teoria sobre a identidade do Homem de Preto (será que ela já caiu ou ainda pode se confirmar?), uma nova e ainda mais interessante envolvendo o chefe de programação e comportamento da Delos, Bernard, ganhou força depois do terceiro episódio. A teoria na verdade pode ser resumida numa pergunta: e se Bernard Lowe (personagem do Jeffrey Wright), assim como Dolores, Teddy, Maeve e cia também for um robô?

A possibilidade – que sem dúvida traria uma bela reviravolta para a trama tendo em vista que a história, até aqui, nos induziu a crer que ele seja humano – surge a partir de algumas evidências, pistas e ideias já apresentadas ao longo desses três primeiros episódios da série. Vejamos:

– Quando a série começa, achamos que Teddy (personagem do James Marsden) era apenas um humano visitando o parque até descobrirmos que ele era na verdade um robô cowboy vivendo seu próprio loop no lugar. Ou seja: já ficou estabelecido que é muito difícil, levando em conta apenas o comportamento e a aparência física dos personagens, dizer exatamente quem é humano e quem não é.

– Alguns diálogos que Bernard tem com o Dr. Ford (Anthony Hopkins) parecem sugerir duplo sentido levantando algumas boas suspeitas. Em dado momento do terceiro episódio, por exemplo, Ford diz a Bernard que sabe que a morte de seu filho, Charlie, tinha um grande impacto na vida dele. Contudo, vale lembrar o que mesmo Dr. Ford disse no primeiro episódio que a humanidade havia atingido um estágio em que ninguém mais morria por motivo de doença o que pode nos levar a pensar na hipótese de que todo aquele flashback do Bernard poderia ser simplesmente uma memória recém criada por Ford, exatamente igual ao que ocorreu com Teddy (e sua narrativa do Wyatt) no terceiro episódio.

– Dr. Ford parece ter com Bernard, uma relação bem diferente da que tem com os demais funcionários da Delos a quem sempre se refere formalmente pelo sobrenome, sugerindo um distanciamento que ele não tem do chefe de programação e comportamento a quem trata sempre pelo primeiro nome. Some a isso o fato de que Ford parece sempre mais à vontade quando interage com os robôs e sua proximidade maior com Bernard portanto poderia indicar a mesma característica.

– Partindo desse pressuposto, se Bernard for mesmo um robô cuja real natureza apenas o Dr. Ford conheceria (visto que ele mesmo o teria criado), a explicação disso poderia até ser bem simples já que o fundador da Delos teria sempre nele alguém (ou algo) sobre seu mais absoluto(?) controle trabalhando na programação dos demais robôs do parque. Faz ou não faz sentido?

– Agora, se Bernard for mesmo um robô, já poderíamos assumir também, dadas as constantes conversas que ele ele tem com Dolores, que ao analisar e questionar o comportamento dela, ele estaria não apenas encarando sua própria crise de identidade, mas ao mesmo tempo instigando a anfitriã mais antiga do parque a ganhar (ou despertar) um nível de consciência que ele e principalmente o Dr. Ford talvez jamais pensasse que pudesse existir em suas criações.

– Aliás, para fechar esse post especulando ainda mais sobre o tema, e se o tal Arnold (citado mais proeminentemente no terceiro episódio), por exemplo, não for o falecido parceiro de Ford na criação do parque, mas sim também um robô criado para ser programador de outros e estiver rebelado e atualmente “perdido” dentro das instalações do lugar?

Westworld é exibida todo domingos às 23h pela HBO.

14 comments

  1. Assistindo ao 3° episódio, cheguei a comentar isso com a minha esposa, mas não saberia dizer quais foram as cenas que me trouxeram essa sensação. Lendo a teoria e os ganchos tudo ficou bem mais claro. Acredito que seja muito provável e arriscaria dizer que muitos podem nos surpreender quanto a sua real natureza.
    Mas oq esta me intrigando é sim ter o discernimento da origem e validade dos sentimentos. Já que a IA sofre como nós e sente dor fisica como nós, apenas qdo programada para isso, então as ações do homem de preto e outros visitantes podem ser julgadas como cruéis de fato ou não? E oq difere o sofrimento de um ser humano do de outra consciência, ainda que artificial? Acho que essa é a lebre que será levantada. Ótimo texto e ótima série.

  2. Acho que essa teoria não tem o menor fundamento, principalmente porque Bernard interage várias vezes com Dolores tentando instigar a crise de identidade nela, não faria sentido ele ser um robô. Acredito também que a teoria do Homem de Preto levantada no episódio passado já caiu por terra, não?

  3. Acho que tem mais mistério aí envolvendo esse Arnold. Mas acho tbm que Bernard é humanos msm e que tem alguma parcela de culpa na morte do filho, talvez a morte do filho de Bernard tenha ocorrido no último grande incidente, trinta anos atrás.

  4. Acho que tem mais mistério aí envolvendo esse Arnold. Mas acho tbm que Bernard é humano msm e que tem alguma parcela de culpa na morte do filho, talvez a morte do filho de Bernard tenha ocorrido no último grande incidente, trinta anos atrás.

  5. Toda teoria é válida mas acho que essa não faz muito sentido. A relação do Dr. Ford e ele parece mais com a de um mestre e seu pupilo, como alguém que está sendo preparado para assumir o comando. As conversas dele com Dolores são sem dúvida para instigar o desenvolvimento da consciência dela. E isso está certamente ligado ao filho dele, que a morte pode ter acontecido muito antes da humanidade alcançar esse estágio de desenvolvimento. Acredito que de alguma forma ele quer recriar/ ou recriou, via robótica, o filho, e somente a programação e os “roteiros” inseridos não seriam suficientes para substituir o ser humano com os quais eles tem lembranças e laços afetivos, e quer assim alguma foram de inserir a consciência (como a Dolores) no filho androide. Fica aí agora a minha teoria!

  6. Acho que o filho do Bernard morreu antes da humanidade atingir o estágio de que ninguém mais morre por doença, só isso mesmo.

  7. Anderson/Izidro Acho que essa teoria do filho dele ter morrido antes desse estágio da humanidade pra mim não bate, pois parece que isso já aconteceu faz tempo e o Bernard não parece ter mais de 50 anos para já ter um filho perdido a tanto tempo, pra mim faz mais sentido ele ter morrido nesse incidente do parque a 30 anos, já que apesar de as balas não funcionarem, outros elementos “físicos” podem ter causado algum acidente fatal. O que vcs acham?

  8. No 1º episódio, qdo ocorrem algumas varias por causa duma actualização, existe uma conversa entre o Bernard e o Dr. Ford, em que o primeiro diz “Existem alguns….” e o Dr Ford responde “Erros. É a palavra que te embaraça dizer. Não devias. És o produto de triliões deles.”

  9. Acredito que Ford se refere à Evolução. Mas é dúbio o suficiente pra ser uma Evolução da máquina.

  10. Ótimo texto! Descobri o site a pouco, no google, li algumas páginas e agora vou ter q rever os episódios. Mas tenho uma dúvida, sobre sua sugestão sobre o Arnold… E s ele foi realmente humano, e transportou sua consciência para as máquinas?

  11. Tem uma fala que o Bernard diz quando tá conversando com a ex mulher dele sobre o filho, que a dor por ter perdido o filho é tudo o que resto dele. Aí no episódio 4, a Dolores fala exatamente a mesma coisa sobre a morte dos pais. Esse foi o ponto que me fez ter mais certeza ainda nessa teoria aí. Ou seja a resposta do Bernard teria sido programada tmb… Mas aí fica a dúvida sobre quem é essa ex mulher dele, será que ela existe mesmo? Porque afinal ela só aparece na telinha lá conversando com o Bernard, mas poderia ser algo gravado só pra compor as memórias dele, ou ela poderia ser outro robô…

  12. Eu já tinha lido essa teoria e apesar dos motivos plausíveis, não achava que Bernard poderia ser um robô.

    Mas no último episódio, onde isso é revelado, descobri que ele era robô momentos antes deles entrarem na “sala secreta”.

    Explico: Quando estão entrando na casa, Bernard fala q os robôs são programados para não verem aquela casa, mesmo que estejam de frente para ela. E logo em seguida, a outra personagem fala: “pra que serve essa porta?”. E por mais que a porta seja BEM GRANDE e obvia, Bernard responde: “que porta?”. Ali eu saquei q ele era um robô e estava programado para não ver a porta.

    Mas vc está de parabéns. Teoria confirmada.

Deixe um comentário