[sem spoilers] Durante a Comic Con Experience assisti ao episódio especial de Sense8 exibido na primeira sessão pública no mundo e, como a própria feira traz no nome, foi uma experiência sensacional. São raras as oportunidades de assistir a séries – um produto feito para consumo privado – em público (foram poucas vezes em 10 anos cobrindo TV que tive essa chance, a maioria em cabines para a crítica). Em princípio, registro que foi sensacional a reação do público ao episódio, mostrando que Lana Wachowski é uma realizadora extremamente eficaz em contar histórias que ressonam maravilhosamente bem com sua audiência. As pessoas se emocionaram, riram e vibraram. Foi catártico presenciar esse momento.
O episódio é, na prática, os dois primeiros capítulos da segunda temporada montados para funcionar como um telefilme sazonal, já que a série mesmo só volta em 5 maio. O motivo do atraso em relação ao calendário “anual” da maioria das produções, segundo o ator Brian J. Smith me contou no dia seguinte ao da exibição, é que Lana Wachowski resolveu conduzir praticamente todas as funções executivas sozinha: roteiro, direção, montagem e pós-produção.
O resultado, felizmente, é visto na tela. Desde a montagem inicial que traz os sensates se “reencontrando” em uma piscina, é possível ver o apuro visual e estético que a criadora da atração levou para a tela, em um nível técnico que superou a temporada de estreia. São takes cuidadosos, raccords perfeitamente executados, tudo minimamente pensado e trabalhado para criar grandes momentos que mereceriam inclusive ser vistos no cinema como os outros filmes da produtora.
Esse especial de Natal, então, retoma a série pouco tempo após os eventos vistos em 2015 e lida com as recentes transformações na vida de cada um dos integrantes do cluster (com uma sacada genial sobre a troca do ator que interpreta o personagem Capheus). Assim, acompanhamos os novos desafios de Lito, Kala, Wolfgang, Sun, Capheus, Nomi e traz, claro, Will e Riley e a perseguição implacável de Sussurros.
Dinâmico, o capítulo percorre bem todas as tramas – com destaque para a jornada de Lito, que se assume homossexual para o mundo e traz repercussões em sua carreira e em pessoas próximas, como Hernando -, mas sempre de forma muito bem equilibrada e com boas (e às vezes inusitadas) “parcerias” entre os membros do cluster, que até hoje nunca se encontraram todos fisicamente. Aliás, todo o “compartilhamento” de habilidades fica ainda maior e mais interessante à medida em que o entrosamento do grupo aumenta, o que rende os melhores momentos como na cena em que Sun ajuda Wolfgang a escapar de bandidos na cena final. Há também ótimas cenas de alívio cômico, em especial envolvendo o “vai não vai” de Wolfgang e Kala.
Mas o melhor de Sense8 é que a série retorna apertando o dedo em feridas sociais, comportamentais e culturais, afiando o seu discurso em prol da igualdade de gênero e contra todo e qualquer tipo de preconceito, o que não deixa de ser uma importante e bela mensagem que Lana Wachowski – que recém passou por uma transição – tem para o mundo nessa época de confraternização global. O drama extrai, através das dificuldades pessoais de cada sensate, problemas que são invariavelmente universais e de fácil identificação por qualquer ser humano que possua empatia com a dor alheia e se torna ainda mais relevante nesse conturbado ano de 2016.
O capítulo traz também diversas sequências de ação incríveis, uma belíssima montagem com o aniversário dos oito e uma cena de sexo grupal apoteótica e mais intensa do que a vista na temporada. O especial, contudo, é prejudicado pela duração excessiva, estendendo-se demais em seu terceiro ato e continuando após seu ápice, tal qual o capítulo final de Senhor dos Aneis. Particularmente preferiria que tivéssemos um episódio mais enxuto e focado para fazer a ponte até a longínqua segunda temporada, mas considerando que só voltaremos à série praticamente no meio de 2017, fica como um agrado aos fãs que esperavam ansiosamente o retorno da série.
Sense8 tem o dom de trazer diversos elementos que soariam piegas em outras produções e embalá-los numa roupagem contemporânea e intrigante, conseguindo até mesmo usar a já extremamente batida canção Hallellujah (numa versão que não é de Leonard Cohen) e saindo-se relativamente bem (embora eu preferiria uma abordagem menos óbvia, como foi a escolha da música da primeira temporada, What’s Up).
Funcionando ao mesmo tempo como “telefilme” e prólogo do segundo ano, esse episódio é um alento para os fãs que poderia virar uma tradição da Netflix, tal qual já é em produções britânicas. Independente do formato, Sense8 continua excelente e promete um agitado retorno no meio do ano.
Ah, a cena gravada em São Paulo durante a Parada Gay vai ficar pra Maio. Ela não está no especial.
“uma cena de sexo grupal apoteótica e mais intensa do que a vista na temporada” QUERO!
Incrível Episódio, amei! Coração partido pela Sun e agora pelo Will. Chega logo maio.
Vai ter resenha com spoilers?? Queria ver a opinião sobre algumas coisas meio sem sentido que achei…
Mas AMEI o ep. <3
Na boa, cheia de clichês. E o que era original na primeira temporada, está repetitivo. O ator do recast de Cafeus não tem um décimo do carisma do primeiro.
Talvez seja a questão ideológica que não permita ao crítico ver os defeitos desse desnecessário especial de Natal ou sou muito chato.
Aliás, spoilers. Continue lendo por sua conta e risco.
O policial continua drogado e fugindo, junto com a DJ, que agora é só a namorada dele;
Cafeus continua dirigindo uma Van;
A ativista hacker continua escondida fugindo do FBI, cujos agentes são todos maus e preconceituosos (afinal de contas, o certo é ser hacker);
A coreana Continua presa; ela bate em uns caras na prisão, quebra o pescoço de um deles, (mas vão para o hospital, apenas); aliás, a prisão coreana deve ser uma das mais corruptas do mundo.
A farmacêutica continua virgem (meses depois do casamento);
O ladrão continua no seu dilema de ser mocinho ou bandido (isso não foi definido na primeira temporada?); mas agora ele recebeu um convite (?) para ser o chefão (?) da violentíssima Berlim (?);
O ator saiu do armário (à força, mas já não tinha saído?). Parece que no México atores gays tem seus apartamentos arrombados, são expulsos do condomínio e não recebem o apoio da mídia, como no resto do mundo ocidental. É a versão homofóbica dá Coréia corrupta na visão da criadora.
Em suma, após duas intermináveis horas, a história não andou, mas sobrou panfletagem, frases de efeito e filosofia rasa.
Para mim, não foi dessa vez que as irmãs conseguiram manter uma consistência no trabalho.
Eu não gostei do episódio, no geral. A sensação é de que nada mudou, certas cenas foram muito longas e desnecessárias. Nada ligado à mitologia avançou muito. O discurso politicamente correto é importante, mas muito repetitivo. A cena de sexo grupal está lá somente para agradar os que gostaram da primeira, mas desta vez não tem tanto sentido. O episódio é muito bem filmado e o novo Capheus convence bem na minha opinião, mas eu particularmente não gostei do fato de quase nada ter avançado de fato.
Episódio longo e sem nenhum avanço na trama. A coisa não saiu do lugar. Mais do mesmo. Raso. Continua bonita visualmente e com texto fraco nível novela. #prontofalei.
Concordo em gênero, número e grau. Mais do mesmo e acrescento que as cenas de sexo do grupo foi apenas um dejavú da primeira temporada, parecendo estarem ali apenas pra fazer o mesmo burburinho de antes. Mais do mesmo.
e morreu kkk