sábado, abril 20 2024

Um dos vários acertos de Power Rangers, filme que adapta muito bem a série clássica dos anos 90, é o seu elenco jovem, talentoso e composto por rostos novatos. Dacre Montgomery, Naomi Scott, RJ Cyler, Ludi Lin e Becky G. não são famosos e, por isso, representam muito bem em tela os adolescentes comuns que recebem o encargo de salvar a Terra de uma ameaça alienígena, ao contrário do que veríamos se o longa fosse estrelado por atores e/ou cantores já consolidados.

Desde suas cenas iniciais, este exemplar traz uma sóbria versão do diretor Dean Israelite à batida, infantil e e limitada história contada nas diversas iterações da série original, que dominava as manhãs da garotada na década de 90. Assim, no lugar de cores, pirotecnia barata e modelismo, Power Rangers constantemente exibe uma visão mais crua, dessaturada e realista da Alameda dos Anjos e do “QG” dos Rangers.

Israelite também acerta na linguagem, apresentando uma narrativa de origem concisa, verdadeiramente interessante e que se mantém numa constante crescente, mesmo fazendo referências a Homem-AranhaPoder Sem LimitesMatrix (com demonstrações de força, escaladas e “saltos de fé”). O destaque fica para a dinâmica estabelecida entre os heróis desde o início, numa espécie de Clube dos Cinco que faz o público se preocupar com o destino daqueles jovens, incluindo o autista Billy (que virá a ser o Ranger azul) e a tímida Trini (Ranger amarela). Não apenas isso, todos os demais guerreiros possuem falhas e problemas mundanos, que ajudam a fincar a fantasiosa trama na realidade.

O roteiro de John Gatins, por sua vez, é mais eficiente no alívio cômico do que em situações de conflito, fazendo com que a vilã Rita Repulsa se sobressaia graças à brilhante composição de Elizabeth Banks, sempre ameaçadora, ainda quando caricata. O mesmo pode ser dito aos “seres” vividos por Bryan Cranston (Zordon) e Bill Hader (Alpha 5), que aqui ganham contornos modernos, enquanto cumprem função de explicar a trama (para nós e para os Rangers) com diálogos expositivos.

Infelizmente, o filme desanda em seu terceiro ato e se rende a um embate pouco inventivo, contrastando com o que vimos no resto da projeção (o diretor cria pelo menos duas magníficas sequências de perseguição de carros na primeira metade). Ainda que fosse impossível não emular uma batalha entre criaturas “gigantes” tal qual víamos ao final de cada curto capítulo da série, o longa deixa a desejar nesta e em outras sequências de ação, em especial aquela com vilões genéricos iguais aos vistos em Esquadrão Suicida. Assim, quando tenta jogar um “shade“em Transformers (através de um Camaro amarelo sendo amassado), o diretor só está nos lembrando como o exemplar de Michael Bay é tecnicamente mais eficiente ao conduzir estas grandiosas cenas (e a consequente destruição plástica), mas igualmente apresentando problemas com a composição de mise-en-scène.

Power Rangers transporta para 2017 a aura dos tokusatus, evitando se tornar piegas (quando o faz, por exemplo quando coloca a música tema clássica numa sequência, está ciente disso). Há pelo menos dois excelentes planos que darão arrepios nos fãs saudosistas da série clássica, em especial aquele que revela os herois pela primeira vez no estilo Os Eleitos. Power Rangers, contudo, cumpre a proposta e encerra com muito mais acertos do que erros, prometendo render uma bela e divertida franquia.

Há uma importante cena durante os créditos finais.

7 comments

  1. Becky G é conhecida sim! Ela é um ‘Carly Rae Jepsen’ da vida!

  2. Gente, ela é iniciante. Em Los Angeles eu peguei um Uber com um cara que disse ser tio dela e pediu pra eu “dar uma força” kkkkk. Tá começando ainda, não é nenhum rosto estabelecido.

  3. Que ótimo que o filme conseguiu ser eficiente nessa nova roupagem dos Rangers, ainda há poucas críticas sobre o filme, de certa forma estão divididas daqueles que gostaram e dos que querem ver defeito em tudo. Estou ansioso.

  4. Legalzinho o filme, bem divertido. Não era mais a minha época, mas mesmo assim deu uma certa nostalgia legal.

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