quinta-feira, março 28 2024

[Contém leves spoilers] O mundo aos poucos se recupera do 14 de outubro e as violentas reações ao fenômeno que misteriosamente fez 2% da população desaparecer esmaecem, dando lugar a uma nova e estranha e estranha realidade que precisa ser aceita, ainda que não esteja totalmente pacificada. Sete anos depois da Partida Repentina, e faltando apenas sete dias para o aniversário da tragédia, The Leftovers retoma a sua narrativa trazendo Kevin (Justin Theroux) e Nora (Carrie Coon) devidamente assentados em Jarden (ou Miracle).

Antes, porém, a série nos joga para um passado remoto que evidencia o constante fascínio do ser-humano com o fim do mundo, ou melhor, com a possibilidade de prever o fim do mundo, que ironicamente nunca vem. Esse, aliás, parecer ser o tema central da terceira temporada desta excelente série e o fato de estarmos tão próximo de mais uma data profética (7 anos após o 1º 14 de outubro), as previsões e apostas novamente voltam a pipocar. Afinal, como o mundo acabará?

Matt Jamison (Christopher Ecleston) parece ter tanto a pergunta como a resposta sobre como impedir que isso ocorra, e ele aposta todas as suas fichas em Kevin Garvey. O policial, por sua vez, continua estranhamente levando sua vida como um cético, embora saiba que o que viveu (e o que o mundo vive) não possui, pelo menos até então, nenhuma explicação cientificamente plausível.

Emulando de certa forma a dualidade apresentada em LOST pelos personagens de John Locke (fé) e Jack Shepherd (ciência), The Leftovers caminha confortável entre arquétipos, profecias e alegorias, ciente inclusive do absurdo de sua história, ao trazer um gigante balão em homenagem ao partido ator Garey Busey ou quando ventila sobre uma teoria envolvendo os cachorros presentes desde o Piloto e que não deveria ser imediatamente descartada. Se a resistência aparentemente estúpida de Kevin em ver os sinais em sua frente pode ser perigosa, a fé cega de Jamison pode ser igualmente ou ainda mais danosa.

Afinal, o mundo vai acabar? O apocalipse virá? Talvez sim, talvez não. Talvez pra poucos como os 2% que se foram no 14 de outubro, ou talvez a vida é feita de “pequenos” apocalipses. O fim do mundo chegou para aquele grupo foi soterrado numa caverna na pré-história Jarden no episódio de estreia da 2ª temporada, assim como foi para os Remanescentes Culpados que ocupavam o Centro de Visitantes da cidade logo antes de serem atingidos por um cirúrgico drone (relembrando que o apocalipse certamente também chega todos os dias para refugiados, cidades e vilarejos que vivem em zonas de conflito).

Trazendo pelo menos três chocantes momentos em seu episódio, este 3×01: The Book of Kevin encerra-se de maneira grandiosa, ampliando o espectro dessa história e questionando: o mundo vai mesmo acabar um dia ou nós é que vamos sumir? Se com um botão numa sala de controle a milhares de quilômetros de distância o ser-humano consegue extinguir seus iguais, por que não “Deus” (no sentido de Força Maior) não poderia levar 2 ou mais por centos deste povo tão hostil? Espero ver mais questionamentos como esses nos episódios que percorrerão esta terceira e potencialmente arrasadora temporada.

The Leftovers retorna neste domingo, 16 de abril às 22h na HBO para 8 episódios, disponíveis também na HBO GO junto da exibição na TV.

5 comments

  1. Impressionado com essa série, desde o piloto sempre apostei nela e não me arrependo em continuar assistindo!! É aquele tipo de série que termina um episódio e a gente fica a semana toda criando mil teorias na cabeça e ansiosamente esperando o próximo domingo pra saber o que vai acontecer!! Demais!!

  2. só Eu mas achei o drone WTF forçado D+
    digo… não e o efeito especial e sim
    como foi inserido no contexto
    vamos explodir a galera (é mas pratico) e vamos da inicio a 3T

  3. Aconteceu algo inédito nessa série para mim. Ela foi excelente até o penúltimo capítulo e na minha opinião uma bosta no último. Não porquê eu não tenha gostado do final. Mas foi um capítulo chatíssimo, enrolado, com esse avanço no tempo desnecessário. E o monte de lacunas que a série deixa, como aquela mulher de branco que meio que estuprou o filho do kevin para engravidar. E o lance com os cachorros… mas como assim?!?! É claro que a gente pode fazer suposições e imaginar… Mas é sabido no meio do entretenimento que é desonesto da parte dos escritores usarem esses tipos de artifícios para dar profundidade à série. É praticamente uma trapaça para cativar o espectador em algo, apenas em nome de sua curiosidade… e o pior: explicando quase nada.

  4. Finalmente, um comentário honesto. Sim, uma boa série, sem dúvida, mas não podemos perder o senso crítico… Será que não ficou perceptível, ao menos no final, ou próximo dele, que grandiosos acontecimentos que prenderam nossa respiração e imaginação,criando grandes e propositais expectativas, ficaram sem respostas, descaradamente… Quem ou o que foi o fenômeno Wayne, que teve suma importância na primeira temporada e nada foi explicado sobre o mesmo, seus poderes, suas asiáticas, seu fim trágico. Nem Tommy parecia se lembrar mais dele, no decorrer da história, enfim… E os cachorros?! E de fato, que último capítulo, sem sal, sem emoção, sem explicação, sem honrar todo o fantástico desenrolar da história… Como em Lost, se perderam, simples assim…

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