CinemaCríticas

Crítica | Homem-Aranha De Volta ao Lar traz a melhor encarnação do herói

---

Bruno Carvalho 04/07/2017

FacebookTwitterLinkedinPinterest

[crítica sem spoilers] Convenhamos: não estávamos precisando de um novo filme do Homem-Aranha e não teríamos um tão cedo se não fossem exigências contratuais de licenciamento. Mas como o Espetacular Homem-Aranha não foi tão espetacular assim e a versão de Tobey Maguire já virou a década, Sony e Marvel colocaram seus advogados (e roteiristas) para trabalhar e fizeram algo direito.

Se aquela curta aparição do herói em Capitão América: Guerra Civil já foi o indicativo que dessa vez acertaram a mão, esse Homem-Aranha: De Volta ao Lar é a comprovação disso. O principal responsável é o ator Tom Holland, que encarna o herói de forma leve, descontraída e divertida, tal qual Peter Parker deve ser.

É claro que a franquia estar situada no Marvel Cinematic Universe ajuda também, especialmente pela forma inteligente como introduziram o amigo da vizinhança em tudo e, principalmente, sem contar novamente a já batida história de origem do personagem. Assim, é com surpresa que vi os primeiros minutos do longa dedicados à construção do vilão (um dos melhores da Marvel até hoje), situando sua origem após a Batalha de Nova York com a invasão alienígena vista em Os Vingadores.

O Adrian Toomes de Michael Keaton tem motivações claras e justificadas dentro do contexto apresentado (um sujeito que perdeu tudo para os Vingadores e reconstrói seu negócio utilizando a tecnologia alienígena) e de fato representa uma ameaça (dupla) a Peter Parker.

De Volta ao Lar, inclusive, é um longa ciente de trazer sempre o que o público quer e espera ver de um exemplar como esse. Assim, embora não traga quase nenhuma surpresa ou reviravolta que não seja previsível (incluindo uma de caráter familiar), ele entretém e mantém o espectador praticamente o filme inteiro com um sorriso no rosto, seja nas interações de Parker com seu amigo Ned (Jacb Batalon, excelente) ou quando aquele descobre as novas funções que Tony Stark secretamente colocou em seu traje.

Aliás, outro ponto forte do filme é o “apadrinhamento” do líder dos vingadores ao Homem-Aranha, que felizmente não transformam este numa espécie de Homem de Ferro 4, já que as participações do sempre competente Robert Downey Jr. (e as pontas de Chris Evans como Capitão América) são pontuais e orgânicas durante toda a narrativa.

Curiosamente, De Volta ao Lar é um filme que funciona muito mais quando lida com questões “menores”, como Peter na escola enfrentando a dualidade de sua nova vida do que quando de fato está em ação. Tecnicamente impecável, claro, o filme não traz, porém, nenhuma sequência memorável (ou já não vista nos diversos trailers), culminando num confronto final nada inventivo (e escuro) com o vilão, embora distancie da típica “destruição em massa” e “faixos de luz no céu” que vemos em praticamente todos os filmes de herói.

Felizmente, Homem-Aranha: De Volta ao Lar é um filme equilibrado e que agrada tanto os espectadores de ocasião quanto os fãs hardcore, pois traz diversas micro-referências que enriquecem ainda mais a experiência e ampliam o universo deste herói como as iterações anteriores do aranha jamais fizeram, seja pelas alterações controversas da primeira trilogia (cujos dois primeiros gosto muito) ou pelas atrocidades desnecessárias que foram as versões com o aborrecido Andrew Garfield.

De Volta ao Lar é a melhor versão do Aranha até hoje e, certamente, a que tem mais potencial, seja dentro ou fora do MCU.

Nota: Há duas cenas após o filme, sendo uma durante os créditos e uma – bem divertida – ao final de tudo. Então não saia da sala até a tela se apagar.