quarta-feira, março 13 2024

O Disney+ enviou os três primeiros episódios de WandaVision, dos quais dois estreiam nesta sexta, 15 de janeiro, na plataforma. A série com capítulos que giram em torno de 30 minutos já nasce como uma aposta única e arrojada da Marvel para dar início à nova fase do MCU, já que utiliza da metalinguagem e da história televisiva (o que é um grande acerto, considerando o formato) para contar uma história pontual envolvendo Wanda Maximoff (Elizabeth Olsen) e Visão (Paul Bettany), que claramente é bem maior do que o que estamos vendo.

Sem spoilers (até porque tudo que sabemos é o que seu material promocional deixa claro), nós encontramos aqui os herois vivendo numa sitcom dos anos 50 (e, posteriormente, dos anos 70), que homenageia clássicos como I Love Lucy, A Feiticeira e Jeannie é um Gênio. O casal aparece bem ambientado nos tradicionais subúrbios vistos neste tipo de atração, que também emula todos os trejeitos do formato – das claques às piadas de duplo sentido e datadas -, mas de forma irônica.

Só isso já estabelece um tom incomum no MCU, embora à medida que os personagens (e o público) começam a perceber que há algo estranho ali, não consegui relacionar com elementos já tratados na série Legion (também da Marvel, mas fora de seu universo cânone). É óbvio que Wanda e Visão estão “imersos” – deliberadamente ou forçadamente, não sabemos – em uma espécie de “realidade” alternativa ou “prisão mental”, mas o mais interessante é como o mistério vai se revelando, permitindo que os fãs da saga de filmes possa especular quem ou o que está por trás disso e qual será o desfecho e, pelo menos o mais importante pra mim, quando isso ocorreu.

Sim, inevitavelmente, WandaVision depende de conhecimento prévio de seus espectadores, ainda que sejam o mesmo público-alvo dos filmes, já que basicamente tudo está de alguma forma relacionado à iniciativa Vingadores, em especial ao capítulo Vingadores: Era de Ultron.

Tecnicamente e tematicamente a série é impecável, e traz a bela surpresa do talento cômico não apenas dos intérpretes principais e dos ótimos coadjuvantes (destaque para Kathryn Hahn), como a facilidade que seus realizadores tiveram em adaptar os heróis (sisudos) em situações cômicas de forma orgânica e sem soar forçado.

Há apenas que se ressalvar que nos três episódios enviados, a trama avança bem pouco e em alguns momentos os truques metalinguísticos e televisivos começam a indicar um certo cansaço. Espero, contudo, que isso siga após o gancho que temos ao final do terceiro episódio, que indica que o segundo ato da série (de um total de 9) avançará mais nesta história.