[contém spoilers] Se alguém pegasse o arquivo de vídeo de A Most Powerful Adversary e o carregasse em uma impressora 3D, certamente o resultado seria uma bigorna, visto que este sexto episódio da segunda temporada de The Leftovers é uma sequência de marteladas dramáticas nos espectadores incautos. Uma abordagem que despeja intensidade na trama e resulta em um dos finais/cliffhangers mais poderosos da série até aqui.
É verdade que a partida de Nora soou um tanto súbita, até porque ela é faca na bota e uma das coisas que realmente não tem medo é bater de frente com tudo. Mas o que A Most Powerful Adversary consegue fazer é mostrar o cansaço e a saturação de Kevin, que é praticamente abandonado por todo mundo com exceção de Patti, a fantasminha camarada. Ao longo do episódio, o ex-policial percorre um arco dramático gigantesco – e a série faz questão de colocar isso na tela, investindo tempo nas situações que vão desgastando Kevin aos poucos (Nora não retornar as ligações, a desconfiança de Jill, a possível descoberta de que ele esteve no lago, a “solução” bastante extrema para sua situação, a aparição de Laurie e por aí vai). Ao contrário do que aconteceu em No Room at the Inn, cada evento entra de forma orgânica na narrativa e vai se empilhando em cima dos anteriores, o que constrói tipo um contêiner de carga dramática que justifica a atitude de Kevin (lembrando que ele havia inclusive ficado ofendido com a solução proposta pelo velho-sábio-e-místico-genérico).
Parte desse desgaste também vem da fotografia escura e claustrofóbica, pois mesmo em uma floresta à luz do dia as coisas parecem tão iluminadas quanto uma festa de uma faculdade de comunicação (e a direção de arte ajuda: percebam como no trailer do velho-sábio-místico-genérico o teto baixo e a quantidade de móveis e decoração quase não dão espaço para respirar). A diretora Mimi Leder acerta também ao investir em planos bem fechados e manter a câmera na mão, distribuindo uma sensação de urgência e aumentando a inquietação com relação ao que está para acontecer. Aliás, o capítulo inclusive explica a situação envolvendo o sumiço da água e o semi-suicídio de Kevin, e, se por um lado a resposta pode desagradar alguns que esperavam algo mais grandioso, por outro ela casa perfeitamente com o andamento da história.
Além disso, Justin Theroux transmite com eficiência a sobrecarga de estresse que atinge o protagonista. Critiquei muito ele na primeira temporada, mas aqui vem se superando: deixou de lado o ranger de dentes para apostar em uma atuação mais sensível, vulnerável – o momento em que ele implora a Patti para deixá-lo em paz é comoção descontrolada. Assim, com exceção de um ou outro tropeço (o sumiço de Nora, Jill voltando a ser a adolescente histérica e contra tudo e todos), o episódio atira o espectador no furacão que se tornou a mente do protagonista, mostra como tudo está se esfacelando e carrega o público junto com Kevin para um desfecho que só posso definir como “chumbo grosso no cérebro”.
“as coisas parecem tão iluminadas quanto uma festa de uma faculdade de comunicação”
Mano, esse cara é muito ruim, não deixa ele fazer mais review, não, pelamor…
Fora isso, puta episódio!!!!!
A parte do Azazu foi piada ou é a explicação do fenômeno? Fiquei na dúvida.
Qual a explicação pro sumiço da água? Preciso rever, hahaha.
Ah, lembrei, foi o terremoto que fez a terra se abrir e engolir toda a água. :)
O momento que o Kevin vira o copo com o veneno PQP, que série foda!!!
Mas como eh q eh, o Kevin foi-se pro além msm? quase começando o 8º episodio aqui….cachola a mil com saporra!