Série se despede de 2013 com episódio cheio de ação, emoção e tragédia.
[Com spoilers do ep. 4×08] Demorou, é verdade, mas The Walking Dead finalmente teve seu grande momento neste “Too Far Gone”, episódio que transpôs para a tela, com muita competência e algumas sutis mudanças, o desfecho ousado e corajoso de um dos arcos mais intensos e memoráveis da HQ que a inspirou.
E se ainda não dá para dizer que a série tenha se transformado na melhor coisa atualmente no ar (muito longe disso, aliás), o encerramento dessa boa metade inicial de quarta temporada pelo menos indica que Robert Kirkman (criador da HQ e produtor da série) e cia, parecem realmente dispostos a aprofundar a ideia de como o ambiente caótico transforma o homem no maior inimigo de si mesmo.
Dirigido por Ernest Dickerson, profissional com vasta experiência em TV, a partir do roteiro de Seth Hoffman (em seu primeiro trabalho na série), o midseason finale deste quarto ano de The Walking Dead acerta em praticamente tudo (a exceção, talvez única, fica por conta da forma rápida com que Daryl aceitou a explicação de Rick para o banimento de Carol).
Assim, ao construir um crescente clima de tensão e suspense que logo explode numa corrente de ação carregada de violência, mortes chocantes e tragédias, o episódio amplia em seu desfecho a certeza de que um novo, mais perigoso e doloroso recomeço se impõe sobre os que sobreviveram sob a sombra devastadora do trauma da perda tanto da segurança de um lugar e principalmente das pessoas próximas que perderam suas vidas pelo caminho.
Nesse contexto, interessante ver Rick e o Governador finalmente abraçando a persona que cada um deles tentou renegar no intervalo entre o controverso final da terceira temporada e este oitavo episódio da quarta, já que enquanto o primeiro, assombrado pelo fardo de decisões difíceis, tentara se afastar da posição de liderança que assumira desde o início dessa história, enquanto o segundo experimentara a chance de recuperar a humanidade que havia perdido no início do apocalipse zumbi.
E dessa maneira, entre choques e surpresas (como a morte da pequena Meghan, surpreendida pelo zumbi enterrado na lama, por exemplo, ou mesmo o tiro fatal disparado pela garota Lizzie que acabou salvando Tyreese), fato é que a lembrança mais marcante desse episódio será mesmo a despedida de Hershel, personagem que cresceu tornando-se a figura fraternal e conselheira para os demais, e se transformou, a exemplo do que já ocorrera com Dale no segundo ano da série, no compasso moral que agora tomba no golpe covarde de um psicopata.
Para onde a série vai daqui para frente eu não sei, mas que os eventos deste episódio trouxeram um gás novo para a história é inegável. Resta saber se o que veremos a seguir será reflexo da intensidade deste episódio ou de uma série que volte a abraçar a zona de acomodação sem muitos riscos. Apostas?