quarta-feira, abril 17 2024

stevienicks

Ao comentar aqui sobre o episódio anterior de American Horror Story, finalizei minha análise desejando que o mesmo funcionasse como um divisor de águas nessa temporada que, até o momento havia sido no mínimo decepcionante. Bem, depois deste desastre de 42 minutos que foi o novo episódio da série, temo que o adjetivo “decepcionante”, considerado um exagero por parte de vários leitores, acabe se tornando nada mais que um eufemismo.

Tendo início a partir de uma conversa absolutamente implausível entre Fiona Goode e Marie Leveau, na qual esta desconstroi em apenas uma cena toda a personalidade forte que nos foi passada ao longo de nove episódios, fomos testemunhas de uma cumplicidade entre as duas que soou artificial e pouco convincente. E se a aliança forçada entre as duas era perfeitamente justificável depois do massacre promovido por Hank no território da Rainha Vodu, o roteiro pecou terrivelmente ao trazer Marie Leveau abrindo seu coração (sim, isto soou piegas; toda a conversa entre as duas foi recheada por frases assim, como “foi a sua bondade que tocou a minha alma”) para a pessoa que, até dois episódios atrás, era a sua pior inimiga. Como se isso não fosse o bastante, ainda temos que acreditar que Leveau confidenciaria o seu maior segredo à Suprema, a fim de lhe ajudar a conquistar a eternidade que sempre procurou.

O que nos traz a outro problema recorrente em American Horror Story e que já foi comentado aqui. O conceito da existência de uma entidade que tem supremacia em relação a Marie Leveau (aqui representado por Papa Legba) é interessante, mas novamente sua inserção na série se deve apenas à conveniência do roteiro, nunca de forma natural, e mais uma vez a série falha clamorosamente no quesito pista x recompensa, nos apresentando a um personagem logo no início do episódio para que o mesmo demonstre uma importância fundamental apenas meia hora depois.

Mas as contradições do roteiro não param por aí: a fim de dar alguma storyline (por mais desimportante que fosse) a Madison, a série esquece por completo o fato de que já foi provado que a garota não é a Suprema, e cria um conflito bobo entre ela e Misty Day, que culmina numa cena risível em que esta acaba desacordada dentro de um caixão (e só não vou enumerar as diversas implausibilidades aqui por querer manter minha sanidade).

Mas o roteiro ruim, mal escrito e contraditório não foram o suficientes para tornar esse um dos piores episódios de qualquer coisa dessa fall season: assim como a cereja apodrecida no topo de um bolo envenenado, ainda fomos apresentados a uma nova definição de vergonha alheia ao assistirmos a um show de Stevie Nicks completamente fora de contexto, que seria mais apropriado em um musical de Glee. Usando como desculpa o fato de que Misty é fã da ex-vocalista do Fleetwood Mac., a série ainda se deu ao luxo de batizar o episódio com o nome da cantora, que desempenha um papel extremamente ínfimo e não tem importância alguma na história que está sendo contada (e procuro até agora saber que “delícias mágicas” são essas que Stevie Nicks tem para nos oferecer).

Por outro lado, a direção também cometeu seus deslizes, ao utilizar repetidamente ao longo do episódio planos de 360 graus que, se em alguns momentos, é uma escolha acertada (como na aparição de Papa Legba para Marie Leveau), em outros se torna apenas enfadonho. A direção de arte é pobre e a fotografia se mostra escura demais nas cenas envolvendo Marie Leveau. Ainda pecando por dar um fim abrupto e rápido demais a uma personagem promissora como Nan, esta semana American Horror Story veio dar um recado bem simples que me recusei a acreditar antes: que o episódio anterior foi apenas uma ilha de perfeição cercada por um mar de mediocridade.

1star

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