quarta-feira, abril 24 2024

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[contém spoilers] Avengers: Age of Ultron tem início de forma eletrizante, jogando o espectador no meio da ação em uma missão para recuperar o Cetro de Loki que está nas mãos de uma poderosa organização. A estratégia se mostra acertada, pois aqueles são personagens que já foram estabelecidos tanto no filme anterior quanto em longas específicos e a trama do universo Marvel vem sendo desenvolvida no cinema e na TV com Agents of SHIELD, numa interessante narrativa crossmedia. Ainda assim, Age of Ultron funciona bem para aqueles que não estão acompanhando a série, embora deixe a experiência menos enriquecedora.

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Quando Tony Stark (Robert Downey Jr.) e Bruce Banner (Mark Ruffalo) decidem avançar no projeto Ultron, uma espécie de Jarvis 10.0 com inteligência artificial e com o objetivo para estabelecer a paz no mundo, eles acabam criando uma força incontrolável que, adotando parte da personalidade auto-destrutiva e megalomaníaca de seu idealizador (Stark), decide destruir os Vingadores e todo o resto mundo. Aqui vale mencionar de cara o trabalho fenomenal de voz e captura de movimentos do ator James Spader (The Blacklist), que torna Ultron uma figura terrivelmente ameaçadora, ao mesmo tempo em que é capaz de ser intrigante e divertida, sustentando boa parte das 2h20 de projeção. Para completar, ele está aliado aos mutantes Mercúrio (Aaron Taylor-Johnson) e Feiticeira Escarlate (aqui chamados de “modificados” por questões legais com a FOX), que sozinhos são capazes de fazer com que os Vingadores rapidamente sucumbam como uma casa de cartas ao vento – ela com telecinese e controle de mente e ele com ultra velocidade.

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Aliás, os melhores momentos do filme acontecem quando eles estão sob os efeitos do poder telepata da Feiticeira (Elizabeth Olsen), que desperta os maiores medos em cada um dos herois e representam um dos poucos pontos de desenvolvimento de personagens – algo bem vindo em uma história de ensemble. Assim, é curioso perceber como até mesmo a direção de arte nas sequências de “sonho/medo” varia de um para o outro: enquanto Tony Stark vivencia um futuro apocalíptico e metálico, Thor (Chris Hemsworth) enxerga uma festa lúdica em Asgard, a Viúva Negra (Scarlett Johansson) experimenta um passado frio e pungente e Steve Rogers curiosamente “volta” no tempo para rever Peggy (Hayley Atwell, Agent Carter) num ambiente acolhedor, mas marcado pela guerra. Contudo, é com Hulk que a coisa fica interessante mesmo, já que ele se descontrola completamente e quebra metade de Joanesburgo, precisando ser salvo pelo Homem de Ferro em sua armadura “Hulkbuster”, tornando esta uma das melhores sequências de ação de Age of Ultron.

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A ação, aliás, aqui é distribuída de forma mais uniforme e interessante do que no primeiro filme, e espalhada ao redor do mundo em sequências na Europa oriental, África do Sul, Coreia do Sul em vez de centralizada somente em Manhattan. Todos os momentos de adrenalina são fenomenais e possuem uma mise-en-scène mais apurada, que permite ao espectador identificar o que está acontecendo em vez de ser um amontoado de metal destorcido e confusão gráfica, mérito da direção de Joss Whedon. Infelizmente, o cineasta ainda não aprendeu a “pensar em 3D” ao gravar o filme, tornando a experiência em terceira dimensão frustrante quando vemos o realizador constantemente utilizando profundidade de campo baixa e rack focus, que são incompatíveis com este formato. Note a divertida sequência em que os mocinhos estão brincando com o martelo de Thor após uma festa e sentirão a confusão visual que o uso incorreto da ferramenta causa, assim como os “vôos” de Homem de Ferro e Ultron que mais parecem bonecos de papel graças à conversão mal feita. Prefira o 2D, se possível.

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Avengers: Age of Ultron ainda encontra tempo em seu terceiro ato para introduzir um novo personagem, o Visão, para a batalha final contra Ultron. Porém, embora seja poderoso, o desfecho não é atribuído a ele como se fosse um deus ex machina literal e a contenção da ameaça é realmente feita em conjunto, com direito até mesmo à ajuda de Nick Fury (Samuel L. Jackson) e Maria Hill (Cobie Smulders) na “nova S.H.I.E.L.D.” e do Máquina de Guerra (Don Cheadle). Uma pena, porém, que a batalha precise ser “a mais grandiosa dos últimos tempos” (bem parecida com o final de Captain America: The Winter Soldier), o que forçará todos os filmes subsequentes a constantemente adotarem uma “escala maior” para tudo, o que invariavelmente pode prejudicar a história.

Ainda assim, Avengers: Age of Ultron é um longa eficiente, que sistematicamente entrega aquilo que promete. Embora possua cenas desnecessárias aqui e ali como toda a sequência na fazenda do Gavião Arqueiro (Jeremy Renner), supera o seu antecessor por saber equilibrar de forma ágil ação, humor e desenvolvimento da história, inclusive com a curiosa decisão envolvendo o destino do personagem Hulk nos momentos finais. Não é uma obra de arte, por óbvio, apesar de em sua sequência de créditos literalmente estabelecer o filme como tal (a gente deixa passar essa, Whedon). Ah, e seguindo a tradição Marvel há uma cena durante os créditos, mas não há aquela cena ao final dos créditos (exibição para imprensa). Recomendo ver no cinema, em 2D e, pelo amor às cordas vocais de James Spader, legendado.

4star

15 comments

  1. otima critica, estreia do filme to agarrado hehehe. No filme entao tem so 1 cena durante os creditos?

  2. Pelo menos na versão que exibiram para a imprensa e na sessão para convidados, não. Vamos esperar os relatos de quem foi ver o filme comercialmente.

  3. Considero um crime assistir a um filme com alguém dublando aquela voz incrível do James Spader!

  4. Cara, só de você ter avisado que tem spoiler ganhou meu respeito. Quando eu assistir volto aqui leio sua critica. Vlw mano!

  5. O filme só tem uma cena durante os créditos finais, todo mundo no cinema estava esperando algo a mais e nos decepcionamos.
    De resto, gostei bem mais desse filme do que do primeiro, a ação foi maior e melhor, mais bem distribuída e gostei dos novos personagens.

  6. Assisti na pré estreia e realmente não tem nada após os créditos. Aquela cena que está rolando do Homem-Aranha é pura mentira. Siga as dicas do próprio Whedon “não espere por cenas pós creditos”

  7. por um momento fiquei achando que a viúva negra havia saído do filme Tron

  8. Juro que quando vi a cidade flutuante eu pensei na hora que se trataria das cidades dos inumanos seria muito foda!! Só discordo sobre as cenas do Gavião, achei que ele foi muito importante pra humanizar a trama.

  9. Minha crítica sobre esse filme é a mesma do 1, bonitinho, mas ordinário. Te a mesma sensação sensação que tive ao assistir o 1 pela segunda vez, “pra que esse exagero todo?”, só que como já tinha conhecimento disso, senti logo na primeira assistida.
    A Marvel brinca com os seus problemas, mas não os conserta. Caso da personagens femininas, que fazem o deus na terra, mas no final sempre precisam ser salvas. E logo agora eles não precisavam fazer isso com a presença da Feiticeira Escarlate, a personagem mais maneira do filme.

  10. Discordo com força de que a “sequência na fazenda” seja desnecessária. É naquele local que é trabalhada a justificativa para todas as futuras ações dos personagens. Vemos Thor indo buscar as respostas que irão lhe mostrar as jóias do infinito, algo que até aquele momento não existia no universo dos personagens e que é a base de todo o universo cinematográfico. Banner e Natasha demonstrando o que eles sentem, criando um apelo emocional para a fuga de Hulk no final. Stark e Rogers mostrando que pensam MUITO diferente, tema que irá atingir o ápice em Guerra Civil. Gavião Arqueiro ainda mais humanizado, criando mais um óbvio motivo para ele sair da equipe. Nick Fury mostrando que ainda pode (e consegue) liderar os Vingadores. Enfim.

    Uma sequência que sintetiza tudo de forma coesa, não só para o ato final do filme, mas também para os filmes futuros da Marvel. Joss Whedon é mestre nisso. De resto, concordo com a crítica. Achei algumas cenas um pouco exageradas, mas claro, pequenos detalhes que não prejudicaram muito minha experiência.

    E a cena durante os créditos é de arrepiar! Pobre Asgard…

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