quarta-feira, maio 1 2024

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[contém spoilers] Quem lia minhas críticas pontuais dos episódios de The Good Wife sabe que sou um entusiasta da série, que retrata o mundo jurídico com fidelidade e consegue sempre balancear os ótimos casos de tribunal com os bastidores da política e dilemas pessoais de seus personagens. O drama de Alicia Florrick seguiu numa impressionante crescente desde o seu debute em 2009, capaz ainda de reunir o elenco de convidados mais impressionante da TV desde Boston Legal e Entourage.

Depois do agitado quinto ano envolvendo a morte de Will Gardner (Josh Charles) e o reposicionamento dos “sócios” que cindiram criando o Florrick/Agos e o Lockhart, Gardner & Canning, a sexta temporada começou com o pé na porta. Primeiro com Diane retirando-se do seu escritório para juntar-se à Alicia e Cary e, logo em seguida, com a investigação deste último por conta de um suposto envolvimento no tráfico de heroína na operação clandestina de Lemond Bishop.

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Com isso a série ao mesmo tempo se reinventou e estabeleceu o grande “problema” da temporada. Enquanto lutavam pra inocentar Cary, o agora Florrick, Agos & Lockhart iria disputar grandes clientes como ChumHum dos braços da firma original, agora comandada pelo incansável Louis Canning (Michael J. Fox). Isso seria lindo de ver. Mas não. Todo o esforço do primeiro terço da temporada foi em vão, já que no meio de tudo isso decidiram que agora Alicia, finalmente com o nome na porta, iria disputar o cargo de Procuradora do Estado, trazendo a política (sempre ótima como pano de fundo na série) para a frente do palco. E se por um lado isso significava mais de Eli Gold (Alan Cumming), por outro prejudicou o equilíbrio narrativo impecável que a série sempre pode se gabar, já que a personagem de Julianna Margulies não é política, sempre desprezou manobras políticas e agora estava ali contradizendo aquilo que sempre acreditou.

A partir daí o roteiro somente deu voltas e mais voltas, apresentando uma sequência fraquíssima de episódios que simplesmente não possuíam foco algum: não sabiam se lidavam com o núcleo Cary/Kalinda/Lemond e a batalha com a promotoria, se voltavam aos casos jurídicos (que ficaram em um indesejável segundo plano) ou na “política”. O resultado foi desastroso pela primeira vez na série. Os atores visivelmente desconfortáveis e perdidos com tanto vai e vem do roteiro. Até mesmo a direção, sempre firme, parecia não saber como conduzir todas as tramas. Os momentos de brilhantismo técnico com episódios temáticos se tornaram pontuais, e o melhor exemplo foi aquele em que Alicia imaginava possíveis cenários próximo de sua eleição (resultado de um trabalho impecável de montagem).

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A eleição, aliás, também foi em vão, já que no fim das contas a vencedora foi obrigada a ceder o cargo por pressão do partido Democrata em um episódio mais corrido e confuso que Barry Allen em The Flash. Aliás, as coisas somente começaram a se acertar somente na reta final, fazendo desta uma imensa volta de mais de uma dezena de episódios regulares só para retornarmos à estaca zero. Uma pena que, nesse período, perdemos a ótima Kalinda (e perderemos o Finn Polmar).

Sim, Alicia agora está sozinha fazendo casos “pro bono”, o Lockhart, Agos & Lee prospera e em breve possivelmente teremos o Florrick/Canning brigando pelos mesmas “horas cobráveis” de sempre. The Good Wife tinha absolutamente todos os elementos na mão para ter se mantido como a melhor série da TV aberta: produção caprichada, roteiristas competentes e atores fantásticos. Como eles conseguiram, com tudo isso, apresentar esse irregular e insatisfatório sexto ano será um mistério mais difícil de desvendar do que a treta entre Julianna Margulies e Archie Panjabi.

Torço muito para que a série comece a preparar o seu desfecho na sétima temporada, para ainda sair em alta. O saldo do sexto ano terminou levemente positivo (a série ainda está num patamar superior ao da maioria), mas foi por bem pouco.

3star

The Good Wife é exibida no Brasil pela Netflix (que já disponibilizou as cinco primeiras temporadas) e o quinto ano somente chegará no Universal Channel em junho, mantendo este inexplicável e absurdo atraso.

15 comments

  1. Seria legal se eles apagassem a segunda metad porque acho que até alí na resolução do caso do Cary dá pra salvar, daí botavam mais alguns eps da Alicia indo pro lado negro da política e percebendo que não tem nada a ver com ela. BAM. Melhor q esse desastre q foi o restante da temporada. Eu acho que eles tiveram bastante problemas de bastidores, com atores etc porque me parecia que eles tinham um plano, tavam indo por um caminho, mas com o sumiço de alguns atores da série acabaram tentando pegar outras vias (inúteis btw).

  2. Concordo plenamente e a frustração foi grande.

    Seria ótimo resgatar a série com o Palmar como seu sócio. Mas já vimos que eles não continuará na série (que pena, estávamos todos torcendo!!).

    Aturar o Canning com a Alicia vai ser chato demais. Se é pra mudar tudo, chamem a Elsbeth Tascioni!!!
    Pelo menos teremos alguma diversão.

    Que final melancólico de uma excelente série!!!!

  3. Nessa temporada também tive a mesma sensação que Alicia tinha se tornado o que sempre detestou em todo aquele universo político. Era como se tivessem construído a personalidade da personagem em 5 temporadas e na 6 desistiram de tudo o que haviam construído.

  4. Bruno, concordo plenamente!
    Acompanho a série desde o início e ela sempre me deixou impressionada com todas as qualidades que você citou.
    Uma pena tudo que aconteceu na sexta temporada (do segundo terço para frente). Mas, mesmo com todos esses problemas, acho que ela é a melhor (ou uma das melhores) séries da TV aberta. Então, espero que a sétima temporada venha para ser a última, para que ela saia por cima, que é o lugar que merece.

  5. Infelizmente concordo.

    Pela primeira vez notei uma confusão nos episódios como ocorreu nessa temporada, contudo, os episódios temáticos foram realmente bons, até surpreendente, mas não segurou a media que a serie vinha tendo ao longo dos anos. Me pareceu que alem da confusão, os plots mais sérios que poderiam ser estendidos até a sétima foram simplesmente resolvidos meia boca e tava tudo certo, espero que sejam retomados.

  6. também detestei todo esse plot chatérrimo de alicia na política. gostei muito do oponente dela e todo episódio eu torcia pra que ela enxergasse ele como um ótimo candidato, se retirasse e ainda apoiasse ele. teria sido um final mais satisfatório do que a fraude da eleição do peter ou sei lá o que. to bem sem vontade pra temporada que vem, sem kalinda, sem finn, com alicia sendo possível sócia do canning e peter vice presidente. bléh.

  7. A primeira parte da temporada e a reta final são muito boas. O problema é o miolinho. Houve sim alguns episódios medianos. Porém, ainda assim The Good Wife fez uma temporada muito acima do que várias outras séries estão fazendo hoje em dia.

  8. As últimas entrevistas dos criadores falam justamente que o objetivo da temporada foi a desconstrução da imagem da personagem.

  9. Senti que a série pecou muito com os personagens secundários esse ano (o plot da evidência falsa que envolvia Cary/Diane/Kalinda se resolveu em UM mísero episódio), mas não com a protagonista. Os criadores já disseram que o objetivo da temporada foi justamente a desconstrução da personagem através da política, e o fizeram perfeitamente. A série não voltou à estaca zero, porque a Alicia não é a mesma de seis anos atrás, e a situação é muito diferente- apesar de ser vítima, ela não tem o público do lado, amigos pra se apoiar, e não está em pé de guerra com o marido. Fico tensa por não ter ideia de pra onde a série vai (quem tá acompanhando a série atentamente certamente duvida da possível parceria Canning/Alicia), mas ao mesmo tempo é muito bom ter uma série que ainda seja capaz de me surpreender assim.

  10. Achei incrível terem incluído a Alicia no meio político, pena que por causa do público abitolado não deu liga…

  11. Boa noite. Alguém saberia nos dizer agora o que houve com os dois últimos capítulos da 6ª temporada aqui no Brasil que deveria ter sido apresentados ontem a partir das 22h, mas simplesmente desapareceu, não entrou. E na grade da programação da operadora, simplesmente a série não aparece mais. Durante toda a semana passada e nesta foi anunciado para não perdermos os capítulos de ontem que simplesmente desapareceu. Absurdo né!!!

  12. SEN OOOOR CONCORDO PLENAMENTE…..EU DETESTEI A ALICIA NA POLITICA, TINHA HORA Q EU PENSAVA, POR FAVOR PONHA ALICIA DE CO ADJUVANTE PQ TO ME LIXANDO PRA ELA….ME INTERESSA MAIS PELO CARY DIANE E KALINDA, PQ ELES SIM FICARAM FIEIS NO ROTEIRO PADRAO DA SERIE. O QUE SALVA NA SERIE É Q OS ATORES SAO MTOOOO BONS! A PONTO DE VC GOSTAR DE TODOS OS PERSONAGENS, INCLUSIVE O POLITICO CONTRA A ALICIA, MAS DAE OS KINGS TB SUMIAM COM ELES DO NADA, COMO ACONTECEU COM O NEGAO QUE CHEGOU NO INICIO E O NATHAN LANE…SE ESSA SETIMA TEMPO AINDA TIVESSE KALINDA EU FICARIA MAIS ANIMADA

  13. Só prá constar, assisti os 18 episódios da 7a. temporada e acertaram a mão. Melhor temporada de todas. Sensacional. Uma pena que seja a última temporada. Faltam 4 episódios e estão em um break 2 semanas. Dia 17/04 recomeça. Tudo gravado no HD prá assistir prá sempre. Quem não precisar de legendas, ótimo. Tive que fuçar p/causa da esposa e já tem tb todas as 18 legendas disponíveis. Universal Channel me respondeu que por cláusula contratual, não podem exibir ainda a 7a. temporada. Grande sacanagem em tempos de lançamentos mundiais simultâneos. (X-Files?) Viva a Internet e o File Sharing. Quando sair o Box com todas as temporadas, com certeza comprarei. Até lá é do PC prá Smart TV via WiFi e vambora! Vai deixar muuuuuita saudades essa série.
    SPOILER: Alícia rulez! =))

  14. Era melhor ter terminado a série antes. O will era o melhor personagem junto com a Kalinda, odiei quando os dois saíram…Não quero mais asistir, foi uma decepção e tanto.Frustante para os fãs.???

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