Após a excelente estreia da terceira temporada de Agents of SHIELD, acabei não escrevendo nada sobre os episódios seguintes. O motivo para isso é simples: esse início de temporada não foi dos mais empolgantes. Eu sei que numa temporada de 23 episódios, Agents of SHIELD tem bastante tempo para desenvolver cuidadosamente sua trama e seus personagens. Mas mesmo assim, a impressão que eu tenho é que permaneceu no lugar desde a season première: não estou conseguindo sentir urgência e tensão na caçada da SHIELD aos Inumanos, e a subtrama de Hunter e May caçando Ward e a Hydra também não empolga. O personagem Lincoln está totalmente perdido e cujo envolvimento amoroso com Daisy jamais convence. Em contrapartida, a interação entre Clark Gregg e Constance Zimmer está sendo o melhor elemento da temporada, disparado.
E é justamente por esse início de temporada ter sido tão irregular, que eu tenho que me curvar diante do triunfo que Agents of SHIELD obteve nesse quinto episódio. Intitulado “4,722 Hours”, o episódio foge da estrutura narrativa da série com a qual estamos acostumados, e foca exclusivamente nos flashbacks envolvendo a estadia de Jemma naquele misterioso planeta. Obviamente, o sucesso ou fracasso desse episódio dependeria da protagonista. Felizmente, Elizabeth Henstridge cresceu no decorrer da série e aqui, entrega uma comovente atuação. É fascinante ver a sua excitação inicial ao perceber que está em outro universo, apenas para depois se tornar uma pessoa amargurada e resignada com a ideia de que jamais voltará para casa.
Pouca coisa foi revelada sobre o monolito e os perigos daquele planeta no qual o sol nunca surge (bela fotografia em noite americana, diga-se de passagem), mas isso é o que menos importa no episódio. “4,772 Hours” está mais interessado em Jemma, e se sai maravilhosamente bem em seu objetivo. Assim, quando Will (Dillon Casey, de Nikita) é introduzido, já dava para perceber para onde aquilo iria caminhar. Discordo completamente de quem está falando que os roteiristas diminuíram a personagem ao fazê-la se envolver com Will. O que vocês esperavam que uma pessoa iria fazer naquela situação? Jemma estava presa no planeta há meses e acreditava que jamais iria sair daquele lugar. Will acabou sendo a âncora dela naquele universo e mais um motivo para ela sobreviver e continuar resistindo. Era inevitável que uma relação amorosa surgiria entre os dois, e felizmente, isso foi muito bem construído pelos roteiristas e pelos atores. Percebam também que o envolvimento só começou DEPOIS da tentativa fracassada de enviarem a mensagem de socorro pelo portal, quando eles acreditavam que tinham perdido a última chance de fuga.
(Sim, admito que teve um momento, em que eu achei que iria rolar uma reviravolta estilo Tyler Durden, mas a cena pós-créditos já deixou claro que Will é real)
Ainda é muito cedo para dizer o que irá sair desse “triângulo amoroso”, mas é impossível não aplaudir o alcance dramático da cena final, quando Fitz, em mais uma prova do seu estoicismo, decide ajudar Jemma a salvar Will. E conforme apontei, na minha crítica anterior, Iain De Caestecker é outro ator que só cresce a cada episódio. E se há uma coisa que eu nunca imaginei que iria acontecer, era que eu ficaria profundamente comovido com a trágica situação da dupla de personagens que, no início da série, eram apenas um alivio cômico bobo e infantil.
Esse episódio é a prova definitiva de que Agents of SHIELD é uma série excepcional.
8 Comments
Gutto Faria
Concordo do início ao fim.
Gutto Faria
Ótima crítica, by the way. Parabéns!
André Rocha
de acordo…
Ronaldo Gnutzmann
Concordo plenamente.
Vini
Agreed!!!!!
Carlos Frederico
Excepcional é a capacidade dos roteiristas de criar uma história onde não existe nada para extrair. Personagens superficiais, relacionamentos descabidos, atores fracos, é a famosa sopa de pedra. Enquanto isso, ainda esperamos que algo de aproveitável aconteça….
Anderson Lima
“Era inevitável que uma relação amorosa surgiria entre os dois”. Não, não era!
Anderson Lima
Senta lá vai! kkk