sexta-feira, março 29 2024

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A produção cinematográfica que vemos na série Magnífica 70, exibida todo domingo às 22h no bloco #DomingueiraHBO, é imensa e possui centenas de títulos. Enquanto a série de Claudio Torres, Leandro Assis e Renato Fagundes traz as peripécias fictícias de Vicente, Dora, Manolo e Isabel no pólo de produção de Cinema dos anos 70, muita coisa aconteceu na vida real. Depois que passamos pela história do Cinema da Boca do Lixo, você confere a seguir algumas indicações de filmes representativos da época, não necessariamente os melhores, mas que com certeza marcaram gerações e se tornaram importantes para a diversificada história do nosso Cinema:

O Pagador de Promessas (1962)

O cinema na Boca do Lixo nem sempre foi marcado pelo estilo dos filmes baratos e pelo erotismo que nós vemos sendo feitos em Magnífica 70. De lá também saíram produções de grande qualidade e que foram premiadas internacionalmente, caso de O Pagador de Promessas, de Anselmo Duarte, que havia saído da Vera Cruz e até hoje é o único diretor brasileiro ganhador da cobiçada Palma de Ouro no Festival de Cannes. Baseado na peça teatral homônima de Dias Gomes, o drama tem Leonardo Villar no papel de Zé do Burro, um homem humilde que faz a promessa de carregar uma pesada cruz de madeira e enfrenta a intolerância da Igreja Católica.

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A Margem (1967)

Primeiro longa-metragem dirigido por Ozualdo Candeias, um dos principais nomes da Boca e um dos precursores do Cinema Marginal, traz Mário Benvenutti no papel de um homem ignorado pela sociedade e que sobrevive às margens do Rio Tietê. Ele é o protagonista de uma das duas trágicas histórias de amor narradas no filme. Não fez sucesso junto ao público, mas recebeu críticas positivas.

→ O Bandido da Luz Vermelha (1968)

Outro filme realizado na Boca (e que se passa na Boca) considerado um dos filmes mais importantes do cinema brasileiro. Foi dirigido por Rogério Sganzerla, cineasta associado ao Cinema Marginal, muito mais que apenas ao Cinema da Boca. Pertencente ao gênero policial, o filme usa uma linguagem moderna e provocante para contar a história de um criminoso real (interpretado por Paulo Villaça) que aterrorizava São Paulo na época, assaltando casas e estuprando mulheres.

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→ Independência ou Morte (1972)

Trata-se de um épico sobre a independência do Brasil, com Tarcísio Meira no papel de Dom Pedro I, que vive um caso extraconjugal com a Marquesa de Santos, interpretada por Glória Menezes. Pela ambição do projeto, o tempo em que foi rodado é considerado recorde: cerca de três meses. Dirigido por Carlos Coimbra, um especialista em aventuras, o longa teve a maior bilheteria do ano, levando quase 3 milhões de pessoas aos cinemas.

→ A Super Fêmea (1973)

Nesta comédia erótica, Vera Fischer é uma modelo contratada para fazer um comercial de um revolucionário anticoncepcional masculino. Como os homens não compram a ideia e muito menos a pílula por medo de ficarem impotentes, a loira se torna a personagem perfeita para uma campanha publicitária arquitetada para mudar a opinião pública. O filme foi dirigido por Anibal Massaini Neto, filho do produtor Oswaldo Massaini.

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→ A Noite do Desejo (1973)

Dirigido por Fauze Mansur, um dos cineastas mais ativos da Boca do Lixo, este drama erótico é estrelado por Marlene França e Roberto Bolant. Eles interpretam um casal de jovens operários que decidem gastar suas economias em uma noitada, experimentando orgias com pessoas de diferentes classes sociais. O elenco também traz o ator Ney Latorraca, em um de seus primeiros papéis no cinema.

→ A Ilha do Desejo (1975)

Dirigido por Jean Garrett, cineasta português que se estabeleceu em São Paulo e veio a se tornar um dos artesãos da Boca, é uma mistura de filme policial e erótico sobre um homem (papel de David Cardoso) que recruta jovens mulheres para trabalharem em uma boate situada numa ilha. Duas moças morrem misteriosamente e o local fica sitiado. A musa Helena Ramos também está no elenco.

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→ Bacalhau (1976)

Éssa foi a resposta dos cineastas da Boca do Lixo ao grande sucesso de bilheteria de Hollywood Tubarão, de Steven Spielberg, lançado no ano anterior. A paródia, como o título indica, gira em torno de um bacalhau assassino que aterroriza os moradores e turistas de uma cidade no litoral paulista. A direção é de Adriano Stuart e o elenco tem Hélio Souto, Dionísio Azevedo, Marlene França, Helena Ramos e Maurício do Valle.

→ Snuff, Vítimas do Prazer (1977)

De Cláudio Cunha – diretor de um dos mais famosos filmes da Boca na era do sexo explícito, Oh! Rebuceteio (1984) –, é um suspense que aborda o submundo dos snuff movies, filmes pornográficos que apresentavam cenas de estupro e morte reais. Dois produtores estrangeiros chegam ao Brasil para fazer um snuff, mas dizem a todos que a intenção é fazer um filme pornô. Um dos profissionais que eles contratam para a perversa empreitada é um falido produtor, interpretado por Carlos Vereza.

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Ninfas Diabólicas (1978)

Longa de estreia do diretor chinês, naturalizado brasileiro, John Doo. Seus filmes são marcados por uma mistura de misticismo e erotismo, caso deste em que um senhor de família dá carona a duas jovens na estrada e é seduzido por elas, envolvendo-se assim em uma trama macabra. Com Sérgio Hingst, Aldine Müller e Selma Egrei.

→ Delírios de um Anormal (1978)

O personagem Zé do Caixão, criado por José Mojica Marins, o pai do terror brasileiro, estreou no cinema em À Meia-Noite Levarei Sua Alma (1964). A partir de então, ele apareceu em continuações (ou quase isso), entre as quais se destacam Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver (1966), O Estranho Mundo do Zé do Caixão (1967), O Ritual dos Sádicos (1970) e Encarnação do Demônio (2008). Neste Delírios de um Anormal, Mojica aproveita cenas censuradas de seus quatro filmes anteriores e adiciona novas sequências para costurar a trama sobre um psiquiatra (Jorge Peres) que é aterrorizado por Zé do Caixão em seus sonhos. Numa sacada metalinguística, Mojica também interpreta ele mesmo no filme.

A Ilha dos Prazeres Proibidos (1979)

Maior sucesso de bilheteria da carreira do diretor Carlos Reichenbach, com mais de 4 milhões de espectadores, o filme acompanha uma mulher (Neide Ribeiro) que se apresenta como jornalista para cumprir a missão de assassinar dois intelectuais considerados subversivos. Ela vai atrás de seus alvos em uma ilha paradisíaca e acaba se vendo envolvida pela libertinagem que toma conta do local.

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→ Joelma, 23º Andar (1979)

Baseado no trágico incêndio do edifício Joelma, ocorrido em 1974, no Centro de São Paulo, o filme dirigido por Clery Cunha toma como base o livro mediúnico Somos Seis, psicografado por Chico Xavier. A história segue duas das centenas de vítimas do incêndio e o desespero que assola seus familiares. Beth Goulart interpreta uma jovem que trabalhava num dos escritórios do prédio.

→ Os Imorais (1981)

osimoraism70Com Paulo Castelli e João Francisco Garcia, é um filme que aborda a homossexualidade na relação entre o filho de um casal rico e um cabeleireiro pobre. Dirigido por Geraldo Vietri, que teve carreira mais consistente na televisão. O elenco também traz Sandra Bréa e Aldine Müller.

A Prisão (1981)

Filme dirigido por Osvaldo de Oliveira, um dos ícones da Boca, que também tem no currículo longas como o faroeste O Cangaceiro Sanguinário (1969), a comédia Histórias que Nossas Babás Não Contavam (1979) e a aventura O Caçador de Esmeraldas (1979). Aqui, a trama se passa em um presídio feminino onde várias atrocidades acontecem. Quatro detentas se rebelam e tentam fugir. Com Maria Stella Splendore, Marta Anderson, Neide Ribeiro e Serafim Gonzales.

Mulher Objeto (1981)

mulher-3Hoje Sílvio de Abreu é mais conhecido como autor de telenovelas de sucesso da TV aberta, mas sua carreira no audiovisual começou na Boca do Lixo, onde trabalhou como ator, roteirista, assistente e até mesmo diretor. O último filme que ele dirigiu lá na Boca foi o grande sucesso de bilheteria Mulher Objeto, estrelado por Helena Ramos no papel de uma mulher casada que tem fantasias sexuais em seus sonhos.

Coisas Eróticas (1981)

Primeiro filme brasileiro com cenas de sexo explícito exibidas no cinema. Formado por três episódios, foi codirigido por Rafaelle Rossi e Laente Calicchio e gerou filas e filas de espectadores curiosos. Resultado: 4 milhões e meio de ingressos vendidos.

A década de 80 marcou o começo do fim do Cinema da Boca, que a partir dali passou a abrir cada vez mais concessões para a entrada da pornografia. Relembre essa marcante época do nosso cinema todo domingo às 22h na HBO com Magnífica 70:

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