[com spoilers do episódio 6×13] Community sempre andou na corda bamba. Ia ser cancelada, não ia, daí foi, daí o Yahoo! fez RCP e trouxe a série de volta para esta sexta temporada e, claro, ainda há a o filme de Community de Schrodinger – e o que sempre manteve Abed e amigos nas cabeças foi a movimentação dos fãs, que não deixavam a coisa morrer. Emotional Consequences of Broadcast Television, o season (e possível series) finale, de certa forma aborda isso: em uma projeção que não é nem um pouco psicologicamente perturbadora, Jeff atua como o público, querendo manter as coisas e se recusando a deixar tudo mudar. E o arco percorrido por ele é como se Community dissesse ao público “está tudo bem se a gente não voltar desta vez“.
É um arco que já vinha sendo abordado na temporada, e há um certo tempo, na verdade. O medo de Jeff de ficar para trás não é algo novo, mas, graças à metalinguagem descontrolada que começou no episódio passado, ele se torna um comentário sobre a própria série. A dificuldade em criar coisas novas, em não cair no estereótipo fácil, manter o ritmo após a saída de atores e até mesmo em sobreviver nessa guerra de foice de números de audiência (“shows de TV são baseados em estúdios que querem espremer até o último centavo deles“) aparecem de forma orgânica nas narrativas individuais. Por outro lado, Community nunca pareceu tão real: a fotografia escura dá uma certa atmosfera melancólica, as decisões parecem irrevogáveis e, bem, temos os dois primeiros palavrões da história do show. O buraco é mais embaixo.
O que não significa que Emotional Consequences of Broadcast Television tenha esquecido o humor na mesinha ao lado do notebook, claro. A oportunidade de construir diferentes cenários communityanos é aproveitada com gosto, criando momentos hilários – a introdução da sequência criada por Britta é vitória por nocaute – e elabora a situação a tal ponto que ilustra a frustração de Jeff com Abed através de uma sequência que me lembrou imediatamente Being John Malkovich, e, proposital ou não, isso é o tipo de coisa que só Community faz. Aliás, as piadas com a Marvel mostram que a série tem culhões para dar tapa na cara de hypezinho nerd sem problema nenhum, ao mesmo tempo em que usa bem a pista recompensa para botar Chang peidando durante a quarta vez que Abed fala “cool” (e a quarta temporada foi a única sem o Dan Harmon e a mais criticada. Eles estão quase literalmente dizendo que ela foi uma merda. É ou não é coisa de fazer brindes alucinados com cerveja?).
O episódio também não tem medo de desconstruir a estrutura humorística do grupo de estudos, explicando de forma bem didática qual era a função de cada um, o que ajuda a dar um clima de “desfecho” – expor a fórmula é como revelar o truque do mágico, e a ilusão não se sustenta depois disso. Mas também despe as personagens e deixa mais espaço para que elas fiquem mais vulneráveis, o que resulta em momentos genuinamente tocantes no meio do humor – porque Emotional Consequences of Broadcast Television é sim engraçado, irreverente e curte subverter as convenções dramáticas. É também preenchido por uma atmosfera de sinceridade quase brutal, ilustrada pela referência que Abed faz à despedida de Troy ou ao beijo entre Jeff e Annie, o que envolve o espectador e torna os momentos de despedida mais sensíveis.
Contando com mais um brilhante vídeo pós-episódio (um dos pontos fortes desta temporada), que provoca tsunamis de metalinguagem e encerra meio que com um rápido e ácido resumo dos acontecimentos que envolveram a série ao longo dos anos, este season/series finale é engraçado na medida certa, insano na medida certa, reverencioso na medida certa, criativo na medida certa e tocante na medida certa. Olhando para trás, Community cresceu muito e agregou muito ao show desde aquele episódio piloto com o brilhante “nós damos um Oscar de Melhor Roteiro para Ben Affleck” – algumas coisas pioraram, claro, mas dá para dizer que a série foi para a frente e se manteve íntegra. Não sei se chegamos ao ponto final, mas, se for este o caso, Emotional Consequences of Broadcast Television provoca aquela sensação agridoce que caracteriza todas as despedidas. E, por hype, expectativa, esperança, fé, incentivo e fanfarronice, acredito que a única maneira de terminar esta crítica seja da seguinte forma:
#andamovie
Amei a crítica!! Tive exatamente essas sensações ao assistir esse possível series finale. Cada fala dos personagens, os cenários imaginados, tudo foi tão bem pensado que se acabar agora, não vai ter deixado a desejar. Mal posso esperar pelo filme!
Ai queria muito que a série não acabasse, mas tudo tem um fim. Esperando pelo filme.
Aguardando uma nova série humorística no mesmo nível, mas tá difícil viu…
:'(
Chorei, porque não quero deixar ir. Relembro e me consolo. Esse último e derradeiro episódio foi um reconforto para os fãs ao mesmo tempo que foi um sincera despedida para eles e para a própria série. É difícil dizer tchau, mas precisamos lidar com o fim e a 6ª temporada de Community estava nos preparando para isso.
#andamovie
BOA CRÍTICA!
Se não voltar, vai deixar saudades…
Boas críticas constróem?
hahaha
#andamovie