quarta-feira, abril 17 2024

Segundo filme solo do deus do trovão reforça fórmula de Os Vingadores

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O mundo é sombrio, mas cheio de piadinhas e gags em Thor: The Dark World, produção que marca um novo capítulo na chamada Fase 2 dos Vingadores iniciada com O Homem de Ferro 3 e que reforça a ideia – lançada na primeira reunião dos heróis da SHIELD – de que o negócio da Marvel/Disney agora (pelo menos no que tange a esse universo) é fazer filmes que parecem cartoon em forma de live action e abraçam ao máximo o conceito de entretenimento escapista. Uma fórmula eficiente, é verdade, mas que deixa no ar uma pergunta insistente: será que o gênero e esses personagens não mereciam algo pelo menos um pouquinho mais ousado?

Thor: The Dark World (que de fato é superior ao primeiro filme do herói) segue à risca a cartilha estabelecida em The Avengers. Sendo assim, ele desenvolve uma trama razoavelmente interessante refletida numa grande ameaça, mas que é suavizada a cada nova sequência pelo tom do roteiro que não abre mão de fazer piada a todo instante e a todo custo. E se isso não é um demérito por si só (afinal, algumas piadas, como aquela que marca o reencontro de Thor com o Dr. Erik Selvig, são mesmo dignas de nota), seu uso em demasia ao longo do filme mais sabota do que fortalece as tímidas tentativas de conferir o mínimo de seriedade àquela história.

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Dirigida por Alan Taylor (que já comandou as câmeras em episódios de Game of Thrones e várias outras séries), a segunda jornada solo do Thor ganha um ar mais épico à medida em que concentra boa parte de sua trama e da ação em Asgard e seus cenários suntuosos e imponentes. É lá que surge o (inexpressivo) vilão Malekith (Christopher Eccleston, de Doctor Who), antigo inimigo do pai de Odin (Anthony Hopkins), e que pretende usar a “convergência dos nove reinos” para lançar, com o domínio de uma força até então oculta, a escuridão definitiva sobre todos eles.

Nesse bolo, reaparece a cientista Jane Foster (Natalie Portman) que reencontra Thor depois de dois anos e vira alvo do vilão em Asgard ao se tornar uma espécie de hospedeira da tal força a partir de um contato acidental na Terra que a fez parar numa outra dimensão escondida (suspensão de descrença é fundamental num filme assim, meus amigos). Com esse enredo rasteiro, porém eficaz em seu universo, o filme se sai bem como aventura (sustentada por bons efeitos visuais) e principalmente como desculpa para explorar e ampliar o conflito da relação entre os filhos de Odin, Thor e Loki, que assume papel importante para a conclusão da trama.

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O problema do filme, contudo, além do vilão de uma nota só e da ausência de um risco que nos faça realmente temer pelo herói, é mesmo sua insistência de querer nos fazer rir, como mencionei antes. Assim, por mais que as tiradas sarcásticas do Loki funcionem aqui e ali (e vê-lo respondendo às ameaças dos companheiros de Thor em dado momento é de fato bem divertido), o uso excessivo do recurso através de outros personagens como a Darcy de Kat Dennings (2 Broke Girls) desequilibra a proposta do filme (é uma aventura ou uma comédia de ação, afinal?) e assume não só um caráter forçado, mas que sobretudo denota um tom expositivo que anula o efeito da piada em algumas ocasiões além de nos tirar da história em muitos momentos.

Reclamações à parte, é justo dizer que Thor: O Mundo Sombrio mais acerta do que erra naquilo que propõe: ser um filme pipoca saboroso ainda que longe de ser relevante para o gênero.

3star

Notas adicionais:

– Assim como já ocorrera com Os Vingadores e O Homem de Ferro 3, o 3D de Thor: O Mundo Sombrio é convertido e absolutamente dispensável.

– Seguindo a tradição dos filmes da Marvel, há duas cenas extras depois dos créditos. Uma que serve de teaser para o vindouro Guardiões da Galáxia e outra, mais bobinha, que reforça uma escolha do protagonista na conclusão da história, encerrada com outra contendo um evento aleatório.

Tal evento, inclusive, dá a deixa que poderá ser o caso da semana do oitavo episódio de Agents of SHIELD.

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