quinta-feira, abril 25 2024

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[com spoilers do episódio 9×09] Uma vez que 24: Live Another Day é uma série que se passa em tempo real, foi literalmente em questão de minutos: a intensa e corajosa decisão do episódio anterior, que resultou em um clímax envolvente e emocionante, foi desfeita logo no início deste nono episódio, restaurando covardemente o status quo e fazendo com que a conclusão da coisa seja simplesmente (insira aqui o palavrão mais feio que conseguir imaginar. Ele não precisa nem existir ainda). Tudo bem, algumas sequências de ação e a manutenção da média de (ao menos) uma explosão por episódio deram um gás, mas não há como escapar do fato de que o principal momento da temporada foi uma pegadinha de primeiro de abril.

Usar um artifício para criar comoção e depois desfazer ele, como se a série fosse uma brincadeira de Lego, é sempre prejudicial. Se Heller tinha morrido, mas no final desabotoou o paletó – e o fez graças a uma solução tão mágica que, sendo Londres o cenário, fiquei atento para ver se ouvia alguém gritando “Expelliarmus” -, então a impressão é a de que todas as personagens importantes vão viver, não importa o que aconteça. É o tipo de decisão que mina o envolvimento do espectador, e um caminho que 24 normalmente mantém afastado de suas histórias e explosões. O que só torna a decisão de manter Heller vivo graças a um GIF anabolizado ainda mais inexplicável.

Ao menos tivemos uma continuidade no comportamento de Jack, que, após machucar grauitamente Simone, decidiu em uma cena chocante que Margot tinha contas a acertar com o trio formado por janela, gravidade e inércia – dois momentos onde o anti-herói da série parece fazer as coisas não por eficiência, mas por ódio, como se estivesse chegando no seu limite (e também é uma forma inteligente de eliminar os desdobramentos de Margot em uma temporada mais enxuta). Aliás, a ação da invasão ao prédio foi bem desenvolvida em uma montagem ágil (intercalando Jack e Kate) e fugindo do óbvio (Jack em cima do contêiner ou fazendo rapel elétrico. Sim, inverossímil, quase tanto quanto divertido), além de brindar o público com duas explosões (e melhorar o CGI na explosão do míssil do drone. Lembrando sempre que “melhorar” e “bom” não são exatamente a mesma coisa).

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Esta nona hora ainda conseguiu tornar Margot uma personagem mais interessante e fanática, características salientes no momento em que ela quase mata o filho por ele querer viver (sério, mãe do ano), e construiu uma cena incrivelmente tensa envolvendo Navarro, Jack e um operador qualquer que foi morto (e não vai voltar depois porque não é importante): esticando a situação até o limite e apostando em planos constantes que mostram Navarro nervoso olhando para o ex-agente da CTU, o episódio alimenta a expectativa de que o confronto acontecerá logo, demorando para entregar a resolução por saber que a espera é a parte mais incômoda (em determinado momento cheguei a calçar os tênis só para ir até Londres, roubar eu mesmo o dispositivo e acabar com a tensão).

Mas há um outro porém a ser levantado: a integração entre as histórias ocorre um pouco fácil demais, um pouco rápido demais, indo direto para a cama sem nem se conhecerem bem antes e perguntarem quais os filmes favoritos da outra. Até porque a trama do Navarro rabo-preso nunca foi muito bem desenvolvida, e, sinceramente, nunca foi muito interessante também, então fica com aquele gostinho de roteirista com o prazo se esgotando na boca (coincidências e conveniências demais sempre dão essa impressão). Ainda assim, faltam três episódios para o final da temporada, a Chloe está com os vilões, a arma vai estar com os vilões, as pessoas estão dirigindo pelo lado errado da rua, ou seja, tudo pode acontecer. Resta torcer para que as próximas horas ganhem o cuidado e desenvolvimento que merecem, levando a um clímax digno de Jack Bauer.

2star

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