quinta-feira, março 28 2024

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[contém leves spoilers] O Dr. Hank Pym (Michael Douglas) criou durante a Guerra Fria uma tecnologia incrível, numa armadura capaz de comprimir moléculas e encolher o seu usuário ao mesmo tempo em que o dá a força sobre-humana de uma formiga. Mas ao contrário dos Stark, ele decidiu esconder sua invenção do mundo quando descobriu que esta verdadeira arma invisível de guerra poderia ser usada por malfeitores. Décadas depois, quando o seu pupilo Darren Cross (Corey Stoll) está prestes a desenvolver uma tecnologia similar, Pym precisa encontrar um candidato ideal para impedir que o produto caia nas mãos de organizações mal intencionadas como a Hidra.

Este é o ponto de partida de Ant-Man (Homem-Formiga), novo longa da Marvel que introduz um novo personagem ao seu universo cinematográfico. O escolhido é Scott Lang (Paul Rudd), um “ladrão do bem” que acabara de sair da prisão e se torna um heroi involuntário. Ant-Man parece se aproximar mais de Guadians of the Galaxy do que de outras franquias da gigante dos quadrinhos, notadamente pelo tom mais descontraído e despojado, desde os créditos iniciais. “Scotty” constantemente subverte a cartilha do heroi clássico, assim como o Peter Quill de Chris Pratt. Complementando o elenco, Michael Peña rouba a cena na pele do sempre divertido Luis e Bobby Cannavale é competente em não transformar Paxton na caricatura do marido ciumento da ex-esposa de Lang.

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Como origin storyAnt-Man se sai muito bem, trazendo uma missão com objetivos mais intimistas do que salvar o mundo de uma grande e iminente ameaça, permitindo que o roteiro escrito a oito mãos por Edgar Wright, Joe Cornish, Adam McKay e Paul Rudd possa focar em relações interpessoais e no desenvolvimento de seu personagem principal, que evolui naturalmente sem perder sua essência humilde e ingênua. Exatamente por isso, quando recrutado por Pym para roubar a “Jaqueta Amarela” na poderosa Cross Tech, ele questiona: “Por que não chamamos Os Vingadores?” A resposta de seu novo mentor não poderia ser mais adequada: “Por que eles estão mais ocupados derrubando cidades inteiras do céu“. Essa ideia de estarmos assistindo a uma “história menor” em nada deixa Ant-Man a desejar frente a exemplares como Iron Man 3Captain America Thor.

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Infelizmente, o texto gasta boa parte de seus dois primeiros atos numa trama sentimentalista demais envolvendo Pym e sua filha Hope, com Douglas e Lilly atuando sempre no automático, dando muitas voltas até uma revelação que só ocorre na primeira cena pós-créditos. O resultado é que Ant-Man demora mais do que o necessário para engrenar. Felizmente, quando engrena, o filme é capaz de entregar excelentes sequências com boas doses de humor, cada vez menos frequentes nos filmes sisudos da Marvel. As cenas de ação que ocorrem no universo “microscópico” com ajuda de formigas comandadas por ondas eletromagnéticas (pois é, mas o filme explica isso bem) são inventivas e engenhosas – em especial o plano que acompanha Scott assim que ele veste roupa de Homem-Formiga e um embate especial entre ele e o Falcão, durante uma de suas missões, depois que ele aprende a controlar a roupa. O trabalho de montagem, inclusive, é feliz em não esquematizar demais os momentos de “treinamento” como ocorre em filmes de heroi similares, apesar da condução apenas razoável do diretor Peyton Reed (New Girl) e de um design de produção que só se destaca nas cenas diminutas.

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Situado após os eventos de Avengers: Age of Ultron, este Ant-Man serve também como um evidente prequel de Captain America: Civil War. Uma pena, contudo, que o vilão Jaqueta Amarela interpretado pelo talentoso Corey Stoll (de House of CardsThe Strain) nunca representa uma ameaça real e torna-se apenas um “mero” obstáculo a ser superado no terceiro ato, embora o embate que ocorre em vários lugares como dentro de uma maleta ou num quarto de brinquedo seja eficiente. Darren Cross até teria espaço para crescer mais na trama, mas é constantemente sabotado pelo roteiro que insiste em retratá-lo como um pupilo revoltado por ter perdido a atenção de seu mestre, totalmente unidimensional.

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No geral, Ant-Man é uma bola fora da curva nas franquias pasteurizadas da Marvel graças principalmente à leveza e carisma imprimidos por Paul Rudd, que faz Scott Lang oscilar muito bem entre a comédia, com suas tiradas divertidas e sempre fora de hora, e o drama familiar que enfrenta. Embora aqui e ali tenha problemas com ritmo, Ant-Man é divertido e interessante o suficiente para torcermos desde já para que o Homem-Formiga integre a Iniciativa Vingadores para dar uma bela oxigenada nos herois “mainstream“.

4star

Obs.1: Temos duas cenas extras, uma durante os créditos e uma depois.

Obs.2: O filme estreia dia 16 de julho nos cinemas em versões IMAX 3D, 3D e 2D, com cópias dubladas e legendadas. Prefira 2D, se possível. 

[youtube video=https://www.youtube.com/watch?v=wITUolzfkwI]

13 comments

  1. Esse “graças” tá sobrando ali no meio, não? “a cartilha do herói clássico graças, assim como o Peter Quill de Chris Pratt.”

    Roteiro escrito a oito mãos, certo? ;)

  2. Só queria saber porque o uso de “história de origem” em inglês. Não é uma expressão que se usa em inglês, a não ser aqui.

    Outra coisa: você acha que o humor está cada vez mais raro nos filmes da Marvel? Não assistiu A Era de Ultron? É muito engraçado!

  3. Já é a segunda crítica que vejo comentando da superficialidade do vilão. Impressionante como a Marvel acerta em várias coisas, mas sempre erra no vilão. Já desperdiçaram MUITOS bons atores com vilões fracos, ex: Jeff Bridges, Mickey Rourke, Guy Pearce, Ben Kingsley, Lee Pace, James Spader (ok, Ultron é legalzinho), Hugo Weaving, Tim Roth e agora, aparentemente, Corey Stoll. Espero que o Thanos de Josh Brolin (outro bom ator) quando ganhar mais destaque em Infinity War, não seja um mero “dark lord” unidimensional.

  4. Discordo. O caveiro vermelha foi um absurdo de tão genérico. Apenas mais um cara querendo dominar/destruir o mundo.

  5. Porq preferir em 2D se possivél ? as cenas em 3D não compensam ?

  6. Esqueceu o Chistopher Eccleston como Malekith, essa foi fraquíssima

  7. Verdade, Malekith foi um vilão totalmente genérico. Mal tem falas.

  8. a DC tem um time de vilões bem mais legais do que a Marvel. Deviam fazer um filme com os heróis da Marvel e os vilões da DC, seria épico

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